Universidade paranaense mantém banco de sementes de orquídeas

A coleta criminosa e o desmatamento de nossas serras estão levando à extinção a Cattleya labiata, uma das mais belas orquídeas brasileiras.

Fonte: Agência de Notícias do Paraná – http://www.aen.pr.gov.br/modules/noticias/article.php?storyid=72044

De acordo com o IBAMA, mais de 500 espécies da flora brasileira estão ameaçadas de extinção, dentre elas, 34 orquídeas. A Cattleya labiata, uma das mais belas orquídeas brasileiras e que ocorre nas serras úmidas cearenses, é uma delas.

Atenta a esta ameaça, a Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, criou um Banco de Sementes de Orquídeas Brasileiras utilizando-se da técnica da “criopreservação”, que consiste em manter o material imerso em nitrogênio líquido a 196 graus negativos, dentro de um taque especial. Assim, as sementes são conservadas por 100 anos ou mais.

“O metabolismo da semente diminui (na criopreservação), e elas são conservadas por um longo período em um pequeno espaço”, diz o coordenador do projeto, Prof. Ricardo Tadeu de Faria, do Departamento de Agronomia. O assunto foi tema de seu pós-doutorado, realizado em 2009, nos Estados Unidos.

As sementes da orquídea são minúsculas, centenas de vezes menores que uma cabeça de alfinete. O principal problema da técnica é que cristais de gelo se formam na semente durante o processo de congelamento e podem romper a membrana das células vegetais. “Para tornar a técnica viável, as sementes são tratadas com crioprotetores que vão proteger a semente”, salienta Faria. O crioprotetor também garante a alta porcentagem de sobrevivência do material após o descongelamento.

“O homem tem a capacidade de fazer cruzamentos e criar diferentes híbridos, mas não pode criar espécies. Portanto, quando uma espécie é extinta do planeta não será possível recuperá-la”, acrescenta o professor. Ele salienta que a preocupação é diminuir a lista de espécies em condições de extinção.

PARCERIA – Só o orquidário da UEL é formado por mais de 200 espécies de orquídeas. A coleção completou recentemente 15 anos. O projeto Banco de Sementes de Orquídeas Brasileiras é desenvolvido ali, com apoio da Fundação Araucária, que liberou recursos no valor de R$ 60 mil para a compra de equipamentos, e com a Universidade da Flórida (EUA). “O Banco de Sementes de Orquídeas do Brasil é uma iniciativa pioneira”, ressalta o Prof. Ricardo Faria. Além de ser referência na área, a expectativa é fazer parte de um banco mundial de sementes de orquídeas. O grupo da UEL já fez contato com pesquisadores da Inglaterra para concretizar a parceria. Uma equipe do Kew Gardens, de Londres, coordena o Projeto Reservatórios de Sementes de Orquídeas para Uso Sustentável, cuja meta é proteger aproximadamente duas mil espécies de orquídeas até 2015.

NO CEARÁ – A Universidade Estadual do Ceará (UECE) já mantém um orquidário em seu campus na cidade de Pacoti. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), um grande orquidário está sendo instalado no Campus do Pici, prevendo-se sua inauguração para o próximo mês de março. Este deverá ser um centro de estudos e pesquisas em Floricultura – com enfoque principal na Orquidicultura – coordenado pelo Prof. Roberto Takane, do Departamento de Fitotecnia do Centro de Ciências Agrárias.

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