As entrevistas da ACEO – nº 11: Waldir Lima Leite, um “labiateiro” de carteirinha

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Waldir ministra oficina de cultivo de orquídeas, durante o II FestOrquídeas de Fortaleza. Não houve cadeiras suficientes para um público tão numeroso e muitos se sentaram no chão… sem reclamar. 

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Na premiação do II FestOrquídeas, Waldir entrega o troféu “Labiata de Ouro” a Mirian Feijó.

Um dos fundadores da Sociedade Cearense de Orquidófilos (mais tarde rebatizada de Associação Cearense de Orquidófilos – ACEO), o engenheiro agrônomo Waldir Lima Leite traz no sangue a seiva das orquídeas. Ou, mais precisamente, da Cattleya labiata, espécie da qual se considera “um preservador”. Paraense, criado em Pernambuco e adotado pelo Ceará, testemunha dos primeiros anos do movimento orquidófilo no Nordeste, na década de setenta, ele narra aqui um pouco dessa história e reparte sua experiência no trato das plantas.

ACEO – Quem contribuiu para o surgimento da orquidofilia no Ceará?

Waldir Lima Leite – O norte-americano Arthur Peterson foi o idealizador da Sociedade Cearense de Orquidófilos, fundada em 1977. As primeiras reuniões aconteciam na casa dele. Foi ele quem agrupou as pessoas, quem liderou naquele momento.

ACEO – Como foi que a SCO atuou nos primeiros anos?

WLL – Nas reuniões, conversava-se sobre orquídeas, evidentemente. Não havia exposições, não nos preocupávamos em saber quem possuía a planta mais bonita. Na verdade, não se conhecia orquídea no Ceará. Algum tempo depois que cheguei aqui (em 1955), encontrava pessoas nas ruas vendendo Cattleya labiata, que chamavam de “parasitas”. O primeiro orquidário que conheci, quando ainda era muito jovem, com 16 ou 17 anos, foi na Fazenda Venezuela, na Serra de Guaramiranga. Ali se cultivavam, inclusive, orquídeas de outros Estados e não somente as da serra.

ACEO – Quando você começou a cultivar orquídeas?

WLL – Nessa época, comecei a gostar de orquídeas e construí, no quintal de minha casa, um pequeno orquidário, iniciando com algumas Cattleya labiata. Já se falava, então, na destruiçã das matas e, preocupado, reuni um grande número de plantas dessa espécie, chegando a ter 10 mil labiatas. Mais tarde, abandonei um pouco essa atividade, por conta da pressão de ter que trabalhar.

ACEO – O gosto pelas orquídeas levou você a optar pelo curso de Agronomia?

WLL – Eu sempre vivi junto à natureza. Nasci em Belém do Pará mas fui, muito cedo, morar no Recife. Não gostava de ficar dentro de casa. Saía para a praia ou ía pescar ganhamum, siri, pitu, no mangue próximo. Sempre fui assim e, ainda hoje, onde gosto de estar é no meio do mato. Foi esse amor à natureza que me fez optar pela Agronomia.

ACEO – Com relação às orquídeas, existe alguma que seja de sua especial preferência?

WLL – Sim, a Cattleya labiata. É uma flor que tem boa durabilidade, tem um perfume todo especial, é muito resistente e é a única orquídea de flor grande que temos no Ceará, aparecendo nas serras de Maranguape, Uruburetama e Meruoca, assim como naqueles Estados do Nordeste onde existe Mata Atlântica. Mas nossas melhores labiatas já foram levadas, há dezenas de anos, para o Sul do País. Hoje, é muito raro encontrar uma planta rara, bonita, uma semi-alba por exemplo. Uma alba é quase impossível. As mais belas que nós temos são as de Uruburetama: bem feitas, perfumadas e as que têm tonalidade mais forte. As de Maranguape e da Meruoca são mais claras. Um detalhe é que não se trata de uma planta definida na natureza. Se você planta as sementes, pode dar diversas variedades.

ACEO – O que um orquidófilo principiante pode plantar, no Ceará, com a certeza de que vai florir?

WLL – Em primeiro lugar, a Cattleya labiata e outras nativas nossas. Depois, as flores asiáticas, que floram várias vezes por ano e são bonitas, embora não tenham perfume.

ACEO – O que você aconselha como práticas saudáveis de cultivo de orquídeas? O que diria a quem está começando?

WLL – Em primeiro lugar, aconselharia a buscar orientação de uma pessoa que já cultiva há algum tempo. A orquídea gosta de luminosidade, de umidade. Umidade é fundamental, com muita luz. Sabemos se a planta está recebendo a luminosidade adequada pela cor da folha. As folhas da Cattleya labiata são de um verde claro. Se elas estão com um verde escuro, é porque está recebendo pouca luz ou está sendo adubada com nitrogênio, que deixa a folha verde, bonita, mas que não leva a planta a florar. No mais, é evitar o excesso de vento. Como a raiz é aérea, com muito vento ela resseca.

ACEO – Agora uma pergunta ao paisagista e cultivador de plantas ornamentais: quais os segredos para se ter um belo jardim?

WLL – Primeiro, ter poucas plantas, mas bem cuidadas. Não precisa ter muita planta. E evitar aquelas originárias do Sul do País, como pinheiros, bambus… Se você quer ter plantas com flores, tem que ter sol. Um gramado bonito, verde, bem cortado, bordaduras bem feitas, é importante. Colocar grupos de plantas, aqui e ali, com tonalidades diferentes. E tem que gostar de cuidar do jardim. A grama deve ser molhada no final do dia. Já os vasos de flores devem ser molhados no meio do dia. Durante a noite, a planta vai fazer uma troca gasosa no sistema radicular e, se estiver encharcada, as raízes terminam apodrecendo. Na adubação, usar humus de minhoca em cobertura, jamais misturá-lo. Plantar na areia e colocar o humus por cima. Na medida em que ele for dissolvendo, vai descendo.

4 comentários em “As entrevistas da ACEO – nº 11: Waldir Lima Leite, um “labiateiro” de carteirinha”

  1. Gostaria de entrar em contacto com o eng. Valdir Lima Leite, moro em Cancúm México mas sou brasileiro radicado aqui, por favor o telefone o e-mail do eng.
    Muito obrigado
    Fausto

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