A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) está incorporando à sua biblioteca o vol. 28, nº 2, da revista “Orquidário”, editada pela OrquidaRio Orquidófilos Associados, do Rio de Janeiro. A nova edição transcreve três ensaios voltados para diferentes aspectos da Orquidofilia e da Orquidologia, um deles assinado pelo Diretor de Comunicação da ACEO, jornalista Italo Gurgel.
Em “O Gênero Dryadella Luer no Rio Grande do Sul”, o advogado gaúcho Luiz Filipe Klein Varella, estudioso das orquídeas de seu Estado, apresenta um histórico desse gênero e descreve as três espécies que ocorrem no RS, bem como seu habitat.
“Quando o céu fecha as torneiras” é o título do artigo de Italo Gurgel, que se reporta a algumas estratégicas a serem postas em prática pelos orquidófilos, nesse momento em que a escassez de água afeta todo o País. Segundo Italo, “o contexto de escassez é penoso para todos, mas, quando se tem uma atividade que normalmente impõe um consumo elevado de água – como o cultivo de orquídeas – cabe admitir que a situação se torna dramática”.
Maria do Rosário de Almeida Braga, editora da revista, e Marcelo Rodrigues Miranda são os coautores de “Orquídeas terrestres da Ilha Grande”. Eles revelam que, durante trabalho desenvolvido na Ilha Grande, município de Angra dos Reis (RJ), a OrquidaRio encontrou várias espécies terrícolas que só recentemente foram identificadas. Os pesquisadores registraram 29 espécies, distribuídas em 21 gêneros, a maioria deles pertencentes à subtribo Spiranthinae.
Interessados em adquirir a revista “Orquidário” devem dirigir-se diretamente à OrquidaRio – Rua Visconde de Inhaúma, 134/428 – Rio de Janeiro / RJ – Tel. (21) 2233.2314 – E-mail: orquidário@orquidario.org
Transcrevemos, a seguir, artigo publicado no jornal “O Estado”, de Fortaleza/CE, por Marcelo Carvalho. O autor é estudante de Relações Internacionais e membro do Movimento Pró-Árvore, tendo assumido recentemente o cargo de Diretor Técnico-Científico da Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO. O texto também está disponível em: http://www.oestadoce.com.br/noticia/expedicao-aratuba-sacoila-lanceolata-aubl-garay
No dia 26 de janeiro de 2015, partimos para a Serra de Aratuba, o amigo Leonardo Jales, ambientalista e fotógrafo, e Gleidison Lima, conhecedor das matas e costumes dessa região fantástica e rica em biodiversidade. Foi um dia produtivo de pesquisa e achados.
Aratuba tem origem na língua tupi, e quer dizer “ajuntamento de pássaros”, através da junção dos termos gûyrá (“pássaro”) e tyba (“ajuntamento”). As terras ao redor eram habitadas por índios de origem tupi como os Canindés. A formação de seu núcleo urbano se deu a partir do século XVIII com as catequeses dos jesuítas e com pessoas oriundas de Baturité e de outras regiões, notadamente do semiárido, provavelmente fugindo das secas. Seu nome anterior era Coité, depois Santos Dumont e, desde 1950, Aratuba.
Da vegetação original que havia resta muito pouco. Mas há resquícios de Mata Atlântica, Caatinga arbustiva aberta e floresta caducifólia espinhosa. No Pico do Mussum, ainda se encontra uma vegetação muito peculiar, bastante degrada pelo pasto de gado, muito parecida com aquela presente em campos rupestres.
Entre os grandes achados desta Expedição do Movimento Pró-Árvore, está a Sacoila lanceolata, uma orquídea terrestre, que foi registrada anteriormente pelo menos em três momentos. Na década de 70, “Luizinho” (orquidófilo e membro da Associação Cearense de Orquidófilos – ACEO), coletou material onde hoje é o aeroporto; naquele local, havia uma mata com áreas alagadas, porém esse material não foi depositado em herbário; no ano 2000, Antônio Sergio (agrônomo e botânico taxonomista, também ativista do Movimento Pró-Árvore), coletou material em Carnaubal/CE, cujo exemplar encontra depositado no EAC (Herbário Prisco Bezerra – UFC); possivelmente em 2005 e com toda certeza em 2007, outro orquidófilo (Arilo Veras), coletou exemplares dessa espécie na serra de Uruburetama, as quais também se encontram depositadas no EAC. Este achado foi o primeiro registro para a Serra de Aratuba, espécie identificada pelo amigo e mestre Antonio Sérgio, o mesmo que primeiro depositou a espécie em herbário aqui no Estado. Estes fatos foram narrados por ninguém menos que Wilson Lima Verde, maior estudioso das orquídeas cearenses e membro da ACEO. A ACEO sempre presente na História da Orquidofilia e Orquidologia do Estado.
Sacoila é um gênero botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceae). Foi proposto por Rafinesque em Flora Telluriana 2: 86, em 1836, tipificado pela Sacoila lurida Raf., nome ilegal pois havia sido primeiro descrita como Neottia aphylla Hook., em 1828. Ambas são sinônimos da anterior Sacoila lanceolata (Aubl.) Garay, publicada em 1775 como Limodorum lanceolatum Aubl.
O nome vem do grego saccos, saco, e koilos, oco, em referência ao calcar formado pela base do labelo e sépalas laterais de suas flores. Lanceolata, epiteto em latim, que quer dizer: em forma de lança.
Ocorre, geralmente, em campo aberto, precisando de muita luminosidade. Erva perene, passa a maior parte do ano submersa, somente com suas raízes tuberosas. Quando das primeiras chuvas emerge sua parte vegetativa com folhas pilosas e lança sua haste floral. Como não detém de muitos recursos, dispensa suas folhas e fica apenas com sua haste floral. Devido ao seu hábito perene, é difícil encontrar essa e outras tantas orquídeas terrestres, por isso mesmo há poucos estudos sobre as mesmas.
FONTES
L. Watson and M. J. Dallwitz, The Families of Flowering Plants, Orchidaceae Juss.
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Sacoila) > Acesso em :02 Fev. 2015
Barros, F. de; Vinhos, F.; Rodrigues, V.T.; Barberena, F.F.V.A.; Fraga, C.N.; Pessoa, E.M.; Forster, W.; Menini Neto, L.; Furtado, S.G.; Nardy, C.; Azevedo, C.O.; Guimarães, L.R.S. Orchidaceae in Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Disponível em: <http://floradobrasil.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB12182>. Acesso em: 02 Fev. 2015
Rummitt, RK; CE Powell. 1992. Authors of Plant Names. Royal Botanic Gardens, Kew. ISBN 1-84246-085-4
Lou Menezes (Bióloga, analista ambiental, Chefe do Orquidário Nacional do IBAMA, Coordenadora do projeto Orquídeas do Brasil, do IBAMA-Brasília)
No mundo misterioso das florestas tropicais encontram-se as chamadas ilhas de dispersão das espécies, que na verdade são refúgios de plantas e animais que não se repetem ao longo de todo o território dominado por tais florestas. Esta ocorrência implica a necessidade e urgência do tombamento dos remanescentes florestais, única maneira de se preservarem amostras típicas dessas florestas. O desaparecimento de ecossistemas tem dizimado populações de orquídeas e levado à extinção de milhares de outras espécies vegetais.
De uma maneira geral, grande parte das florestas brasileiras encontra-se numa situação tão alarmante quanto desoladora. Muitas não só foram quase totalmente erradicadas, como as que ainda permanecem apresentam-se rarefeitas em face da retirada sistemática de madeiras do tipo nobre ou madeiras de lei, motivo pelo qual tais matas são denominadas de “catadas”.
Possuidor das maiores florestas tropicais da Terra, o Brasil não tem propriamente uma ciência, uma tecnologia, uma tradição florestal capaz de conciliar as necessidades de ordem social-econômica e demográfica do país com a imperiosa urgência que implica a preservação e conservação de nossos recursos naturais. Urge que uma política ambiental efetiva se desenvolva além da que existe, que parece tímida diante das necessidades do país em desenvolvimento para o Primeiro Mundo.
As derrubadas e queimadas que devastaram as matas nativas no Sul brasileiro alcançaram o Sudeste, o Centro-Oeste, o Nordeste e que hoje consomem a Floresta Amazônica, são responsáveis pela formação de grandes áreas áridas, um passo para a formação de grandes desertos. O bioma Cerrado sofre um processo de devastação ambiental aterrador e incontrolável. O crescimento da ocupação agrícola, notadamente voltada para os plantios de soja, cana-de-açúcar e milho, criação de gado em harmonia com a formação de grandes áreas de pastagem, culminando com os intensivos processos de urbanização descontrolada, além de gigantescas represas para a formação de usinas hidroelétricas, são responsáveis pela drástica redução não só do Cerrado mas também de outros biomas.
O cientista e ambientalista inglês James Lovelock, criador da hipótese de Gaia, com base nos estudos de Lynn Margulis, para explicar o comportamento sistêmico do planeta Terra, visto como um superorganismo, diz que “um organismo que afeta o ambiente de maneira negativa acabará por ser eliminado. O aquecimento global foi provocado pelo homem e, por isso, corremos o risco de extinção. Até 2100, é provável que 80% da humanidade desapareça.”
Apesar da criação de grandes áreas protegidas pelo Governo brasileiro, totalizando 75.455.784 hectares em todo o Brasil, sendo 5.415.360 hectares do bioma Cerrado, a preservação se faz em progressão aritmética, enquanto a depredação segue em progressão geométrica. Nosso grande desafio é equilibrar o desenvolvimento sustentado com a preservação ambiental. Assim mesmo, para alguns cientistas, já seria tarde demais para que o desenvolvimento sustentado fosse aplicado, o que deveria ter sido feito 200 anos atrás, quando a população da Terra era de 1 bilhão de pessoas.
Nesse mesmo diapasão, dizem que a perda da biodiversidade é apenas um sintoma de pouca biodiversidade. No que diz respeito às ameaças e recuperações dos paraísos das orquídeas, o trabalho a ser feito para preservação desses maravilhosos organismos depende quase que exclusivamente do empenho e determinação de seus aficionados, que para tal deveriam seguir os mandamentos baseados nas seguintes premissas:
Abolir a prática predatória da coleta, por meio da fiscalização dos habitats, levando-se em consideração que cada um cumpra com seu dever, e que a omissão implica a convivência com o processo depredatório.
Demanda zero na compra de orquídeas nativas oferecidas pelos mateiros e comerciantes ilegais de orquídeas.
Introdução de espécies nos habitats depredados e de onde elas foram originalmente retiradas e de onde nunca deveriam ter saído.
Implantação de programas de educação ambiental nas entidades orquidófilas.
Manejo seletivo nas populações visando à melhoria genética das espécies.
No que diz respeito às cattleyas consideradas joias do Nordeste brasileiro, a obrigatoriedade da criação de áreas de conservação ambiental para habitats de Cattleya granulosa, Cattleya labiata e Cattleya leopoldii. No caso específico da granulosa, o extermínio que a espécie está sofrendo, com a destruição de seus habitats litorâneos no Estado do Rio Grande do Norte, com a implantação intensiva e desordenada de condomínios, um paliativo seria também deixar ilhas de vegetação nativa de Cattleya granulosa e orquídeas associadas nas áreas de condomínios, funcionando como jardins naturais.
A mais recente lista oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção, emitida pelo Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Renováveis (IBAMA), enumera 472 espécies, dentre as quais 34 da família das Orquidáceas. Uma delas é a Cattleya labiata, por muitos considerada a mais bela orquídea brasileira e que ocorre apenas no Nordeste (Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe).
São vários os motivos do progressivo desaparecimento das orquídeas do seu ambiente natural, todos eles relacionados às atividades humanas: expansão das fronteiras agrícolas, queimadas, avanço da especulação imobiliária e da exploração de minérios, além da coleta predatória. O Brasil possui riquíssimo patrimônio representado por 190 gêneros e 2.300 espécies de orquídeas. Esses números tenderiam a crescer, uma vez que novas espécies, vez ou outra, são descobertas. Entretanto, a ameaça é de que ocorra um decréscimo, em razão daquelas agressões ao meio ambiente, aí incluindo-se o comércio criminoso de orquídeas retiradas da mata. Considera-se possível que muitas orquídeas venham a desaparecer para sempre, antes mesmo de serem catalogadas.
No passado, quando a consciência ambiental ainda não se havia disseminado na sociedade, era comum, no Ceará, os colecionadores escalarem as serras, periodicamente, para coletar orquídeas em grande quantidade. Mas quem, de fato, promovia verdadeiros assaltos aos habitats de nossas orquidáceas eram os chamados “mateiros”, que costumavam despachar milhares de plantas para o Sul e o Centro-Sul do país, empobrecendo assim, de uma forma irreversível, nosso patrimônio florístico. Hoje, a Cattleya labiata escasseia dramaticamente nos locais onde antes formava grandes populações.
Desde 2007, quando foi reativada, a Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO vem divulgando, junto aos associados, a ideia de se combater o comércio ilegal de orquídeas. Para desestimular a compra de “orquídeas do mato”, organizam-se aquisições coletivas em orquidários comerciais, que comercializam apenas plantas reproduzidas (legalmente) em laboratório. Ao mesmo tempo, expõe-se um argumento de peso: as orquídeas subtraídas da mata são, em geral, portadoras de fungos, bactérias e outros microrganismos que podem contaminar todo o orquidário, obrigando ao uso sistemático de dispendiosos defensivos químicos – tão prejudiciais ao bolso quanto à saúde humana. Além do mais, a qualidade dessas flores é sofrível, em contraste com as do comércio legal, que, além de sadias, apresentam ótima estética, como resultado de longo e cuidadoso trabalho de melhoramento genético.
Assim, adquirir “orquídea do mato” não é somente crime ambiental, atitude deplorável em um mundo que se preocupa cada vez mais com a preservação da natureza. É, também, um péssimo negócio.
Segue-se a transcrição de artigo do Prof. Italo Gurgel, jornalista e atual primeiro-secretário da ACEO:
A realização do I Simpósio Brasileiro de Cultivo de Orquídeas, entre 5 e 8 de março, em Fortaleza, veio coroar uma série de avanços ocorridos no Ceará, em anos recentes, na difusão do cultivo de orquídeas. Como hobby, atividade comercial, ou ainda como tema de estudos acadêmicos, as orquídeas conquistam espaço cada vez maior e hoje atraem público considerável em todo evento orquidófilo aqui realizado.
Credite-se uma parcela importante do que vem acontecendo à atuação da Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO. Nos últimos anos, essa entidade realizou pequenas e grandes exposições, seja nos parques da cidade, seja nos shoppings e espaços culturais, procurando demonstrar que o cultivo de orquídeas é uma saudável atividade de lazer, praticada, em todo o mundo, por pessoas de todas as idades. Nas palestras e oficinas, os visitantes se dão conta de que cultivar orquídeas é muito mais simples e menos dispendioso do que imaginavam, já não se constituindo em passatempo apenas de pessoas abonadas.
Outra importante conquista foi a criação da disciplina de Floricultura na Universidade Federal do Ceará. Realizado concurso público, a vaga foi conquistada pelo Prof. Roberto Takane, que trouxe não apenas seu profundo conhecimento na área de Orquidologia, mas também seu entusiasmo. É significativo que o primeiro evento na programação do SIMBRAORQ tenha sido a inauguração do orquidário da UFC, destinado a se tornar um local de pesquisas para os alunos e professores, bem como um centro difusor da orquidofilia.
Vocacionado para a floricultura, o Ceará não podia descuidar de um dos segmentos que mais crescem nesse mercado – o das orquídeas. Agora, nesta seara, se assiste a uma efervescência jamais vista na Terra da Luz, com a realização do SIMBRAORQ; a instalação de orquidários na UFC e na Universidade Estadual do Ceará; a presença maciça de público nas exposições; o sucesso de vendas por parte dos orquidários comerciais nesses eventos; o surgimento dos primeiros cultivos locais com finalidade comercial; a criação de uma empresa especializada em micropropagação de plantas no Euzébio; a vinda para o Ceará, já anunciada, de um grande orquidário comercial gaúcho… Tudo isso assinala uma nova era, com um novo segmento do agronegócio sendo explorado com responsabilidade e competência, gerando emprego e renda, inspirando pesquisas acadêmicas e levando mais e mais pessoas a descobrirem a magia das orquídeas.
Italo Gurgel (Jornalista, secretário da Associação Cearense de Orquidófilos)
Artigo publicado pelo jornal “O Povo”, edição de 15.11.2011
O Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura abriga – a partir do dia 18 deste mês e até o dia 20 – um espetáculo de muitas cores, formas e perfumes. Pelo quinto ano consecutivo, entre obras de arte e variadas manifestações culturais, instala-se naquele nobre espaço uma exposição de orquídeas.
O cultivo de orquídeas é uma das atividades de lazer mais difundidas no planeta, atraindo homens e mulheres, crianças e idosos de todos os segmentos sociais. Ao contrário do que muitos imaginam, esta é uma planta rústica, fácil de ser cultivada, desde que observados alguns cuidados básicos.
Não é cara, não requer estufas ou quaisquer outros equipamentos especiais. E dá-se muito bem em nosso clima. A quase totalidade das flores que irão comparecer ao Dragão do Mar terão saído de orquidários da região de Fortaleza.
O Ceará já possuiu um rico patrimônio natural de orquidáceas, entre as quais se destacava a Cattleya labiata, uma das mais belas e cobiçadas. Lamentavelmente, essa riqueza evaporou-se. Durante anos, milhares de plantas foram surrupiadas de nossas serras para serem vendidas nas ruas da Capital ou levadas para o Centro-Sul. Se o navio atrasava, montanhas de labiatas apodreciam nos quintais dos “exportadores”.
Hoje, graças à atuação da Associação Cearense de Orquidófilos (Aceo), os “mateiros” predadores sumiram. Além de orquídeas, os associados aprenderam a cultivar uma consciência ecológica, que impõe respeito à natureza. Comprar orquídeas? Só se for de orquidário comercial, reproduzidas legalmente, em laboratório.
A ameaça que persiste, em nossos dias, é a derrubada da matas, geralmente para dar lugar aos bananais. Em breve, a continuar assim, as únicas orquídeas a sobreviver serão aquelas que se encontram nos orquidários.
Nesse sentido, os orquidófilos são aliados naturais do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) na missão de preservar o ambiente natural e suas riquezas. Daí o estranhamento que causou a Instrução Normativa nº 11, recentemente baixada por aquele órgão, impondo restrições e estabelecendo condutas impraticáveis.
Muitos cultivadores, sentindo-se acuados e confundidos com criminosos ambientais, já falam em abandonar o hobby. O que é lamentável. Cada orquídea a menos vai significar que o País estará mais pobre.
O Palácio da Abolição, sede do Governo do Estado do Ceará, foi reinaugurado sexta-feira, dia 25 de março, pelo Governador Cid Gomes, após passar por rigoroso trabalho de restauração em todas as suas dependências. Inaugurado a 4 de julho de 1970, o Palácio serviu aos governadores cearenses até 1986, quando a sede do Executivo estadual foi transferida para o bairro do Cambeba.
O conjunto arquitetônico, concebido pelo arquiteto Sérgio Bernardes, está situado no bairro da Aldeota e é um dos cartões postais de Fortaleza. Para valorizá-lo, o paisagista Fernando Chacel (recentemente falecido) criou um jardim de grande beleza, onde predominam as espécies da região. Agora, ao ser restaurado o Palácio, os responsáveis pelo paisagismo – fiéis ao projeto de Chacel – fixaram 60 touceiras de Cattleya labiata nos cajueiros que cercam as edificações.
Assim, a mais bela e conhecida orquídea cearense chega ao centro do Poder. Espera-se que, em seu habitat, nas serras úmidas, onde se tornou espécie em extinção, ela venha a ser respeitada, acabando-se com a coleta criminosa e a derrubada da mata que lhe dá abrigo.