Divulgada a programação do II FestOrquídeas

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Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura (foto do site do CCDMAC)

A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) convida os cultivadores de orquídeas – pertencentes ou não a seu quadro – a expor suas flores no II FestOrquídeas de Fortaleza. O evento acontece entre 14 e 16 de novembro de 2008, em um dos mais belos cenários de Fortaleza, o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

O FestOrquídea – Uma celebração de amor à natureza – se propõe, dentre outros objetivos: divulgar a orquidofilia no Ceará e no Nordeste; mostrar que o cultivo de orquídeas é uma excelente atividade de lazer, bem mais simples do que imagina a maioria das pessoas; ecoar a mensagem de preservação do meio ambiente; promover a integração entre os amantes das orquídeas e entre as entidades orquidófilas de todo o Nordeste brasileiro.

Segue-se a programação do Festival:

Dia 14/11/2008 – Sexta-feira

8:00h  às 13:00h – Recebimento das plantas, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

14:30h – Julgamento

16:00h às 22:00h – Visitação pública

17:00h – Oficina de Cultivo de Orquídeas (Espedito Vidal, membro da ACEO)

Dia 15/11/2008 – Sábado

9:00h às 22:00h – Visitação pública

10:00h – Palestra: “ABC do cultivo de orquídeas” (Prof. René Rocha, autor do livro “ABC do Orquidófilo”)

17:00h – Lançamento de livros do Prof. Roberto Jun Takane

20:00h – Jantar de confraternização

Dia 16/11/2008 – Domingo

9:00h às 22:00h – Visitação pública

10:00h – Oficina de Cultivo de Orquídeas (Waldir Leite, engenheiro agrônomo e ex-Presidente da ACEO)

17:00h – Entrega de troféus

22:00h – Encerramento

Tempo de chuva, tempo de orquídeas?

Italo Gurgel (Jornalista – Presidente da ACEO) 

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Quando as nossas orquídeas florescem? – Buscando encontrar uma resposta para essa pergunta, a ACEO tenta sensibilizar seus associados para anotarem a data da floração de cada planta, de cada espécie. Ao cabo de algum tempo (e quanto mais dilatado for esse tempo, melhor), teremos um calendário das florações no Ceará, o que, além de responder a uma curiosidade natural, servirá de subsídio, por exemplo, na definição da data de futuras exposições.

No ano passado, publiquei na revista O Mundo das Orquídeas, edição nº 47, um artigo baseado em levantamento da floração da Cattleya labiata. Naquele trabalho, eu comparava essa estatística com o índice de pluviosidade no Ceará, mais exatamente na região do Euzébio, cidade próxima a Fortaleza. Conclusão: as duas curvas – a das florações e a do índice pluviométrico – eram praticamente iguais, revelando suposta influência das águas no desabrochar da “Rainha do Nordeste”.

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O que plantar e onde comprar orquídeas em Fortaleza

Fortaleza, Ceará. Litoral nordestino. Temperatura mínima de 22º, máxima de 32º. Umidade 79%. Sol o ano inteiro, entremeado por alguns dias chuvosos no primeiro semestre. Brisa constante.

Que espécies de orquídeas podem ser cultivadas em tais condições? Essa pergunta persegue novos e antigos cultivadores, sempre temerosos de que aquela planta tão desejada – e que parece tão bela nas revistas de orquidofilia – jamais venha a florir em nosso cenário tropical.

O www.orquidofilos.com organizou uma lista de espécies que, se sabe, florescem nas condições ambientais de Fortaleza e de sua Região Metropolitana. A lista é, reconhecidamente, incompleta, mas não deixa de apontar um rumo. E sempre poderá ser, aos poucos, ampliada e aperfeiçoada.

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Florações o ano inteiro

O gráfico mostra a distribuição das florações ao longo de 12 meses.

Na reunião ordinária do último dia 15, na Casa de José de Alencar, o presidente da ACEO, jornalista Ítalo Gurgel, apresentou, a seus companheiros dados objetivos com relação ao período de floração de diversas espécies no Ceará. Ítalo mantém rigoroso registro das florações de suas plantas e ofereceu esse levantamento como subsídio para a definição da data de futuras exposições. Alertou, no entanto, para o fato de que tais registros se referem um pequeno grupo de plantas e a um período relativamente curto de observação. Disse que uma estatística como essa está sujeita a diferentes condicionantes, como as espécies cultivadas, o local onde são mantidas e os tratos culturais, razão pela qual o modelo não pode ser aplicado, automaticamente, a outros orquidários.

No caso do Ítalo, parte de suas plantas está num sítio no Euzébio, na periferia de Fortaleza, e parte na serra de Baturité. O grupo de plantas que serviu de base para o levantamento inclui Catasetum (luridum e macrocarpum), Cattleya (aclandiae, aurantiaca, bowringiana, chocoensis, granulosa, harrisoniae, intermedia, labiata – majoritária nesse conjunto – lueddemanniana, nobilior, trianae, walkeriana e warneri), Coelogyne (flaccida e pandurata), Dendrobium crumenatum, Denphal, Encyclia linearifolioides, Epidendrum (anceps, ciliare, difforme, Orange, purpurascens, rigidum e secundum), Gongora quinqueniervis, Oncidium (anthroclus, barbatum, cebolleta, flexuosum, Shary baby e Twingle Red), Phalaenopsis, Prosthechea (fragrans e vespa), Rodriguezia venusta e Trichocentrum fuscum, além de vários híbridos de Cattleya. (Ítalo Gurgel não anota as ocorrências naquelas espécies que florescem quase o ano inteiro.)No total, há registro de 503 florações, distribuídas entre os quatro últimos anos. Os meses que se revelaram mais produtivos foram os de março (75 florações – 15% do total), fevereiro (59 – 12%) e setembro (57 – 11%). Do lado oposto ficaram os meses de janeiro (20 – 4%), maio (26 – 5%) e dezembro (33 – 6%). De um modo geral, porém, percebe-se que, com aquela composição de espécies, a coleção do Ítalo apresentou flores o ano inteiro.Veja no gráfico como se distribuíram, ao longo dos meses, os registros das florações.

Uruburetama e as orquídeas

Orquídea na serra de Uruburetama
Orquídea na serra de Uruburetama

A serra de Uruburetama constitui o segundo maior maciço residual cristalino montanhoso do Ceará. Situada na porção setentrional do Ceará, tem cerca de 1000 km² de área e engloba partes dos municípios de Uruburetama, Irauçuba, Itapajé, Itapipoca e Umirim. A parte úmida e subúmida compreendem o platô da serra e as encostas norte-oriental que estão voltados para o litoral. Esta vertente recebe os ventos carregados de umidade provenientes do oceano, os quais, ao esbarrem nas suas superfícies de altitudes mais elevadas, deixam cair as chuvas do período e as neblinas ocasionais na época da estiagem. A média pluviométrica local está na faixa de 1200 mm/ano, concentrada nos meses de março-abril-maio. As altitudes médias nas áreas úmidas estão em torno de 750 m.

Na vertente voltada para o litoral, acima dos 600-700 m de altitude, predomina, principalmente, a vegetação úmida (floresta ombrófila montana) e, abaixo, a mata seca (floresta estacional semidecidual submontana), remanescentes disjuntos de Mata Atlântica. Abaixo de 400-300 m de altitude acostam-se a vegetação de caatinga arbórea ou outras tipificações vegetacionais características das áreas pré-litorâneas que se estendem em direção à faixa praiana. Na outra vertente, em áreas voltadas para o sertão, onde a umidade é mais reduzida, os limites da mata úmida referem-se às estreitas faixas de maiores altitudes, prevalecendo, logo abaixo, a mata seca que já se encontra com a caatinga arbórea nas faixas altimétricas em torno de 600-500 m.

Como se pode observar, esses condicionantes geoclimáticos proporcionaram, a barlavento, o estabelecimento de ambientes favoráveis ao desenvolvimento de uma flórula diversificada, inclusive epifítica, bastante significativa, e onde se destacam, entre vários grupos botânicos, o das Orchidaceae.

Atualmente essas áreas acham-se fortemente descaracterizadas pelos desmatamentos para fins agropecuários e extração de madeiras. A bananicultura tem sido a atividade que mais contribuiu para pôr abaixo quase toda a vegetação florestal, outrora exuberante, deixando apenas resquícios fragmentários nos topos de algumas elevações e, em raras localizações de mais fácil acesso.

A falta de manejo adequado para um uso sustentável desses ambientes vem tornando esse maciço altamente vulnerável à perda de parte de seu patrimônio paisagístico, cujos componentes abióticos e bióticos de seus hábitats estão consideravelmente degradados e, em grande parte, talvez até irreversivelmente.

O ato de se avaliar o que restou dessa paisagem necessita de estudos iniciais, principalmente de ordem pedológica, botânica e zoológica, para que se possam particularizar ações voltadas para a sua recuperação. Deve-se pensar, desde já, sobre a possibilidade de que os fragmentos vegetais restantes, dada a situação de disjunção em que se encontram, poderão estar afetando as interações gênicas entre as populações das diversas espécies, em conseqüência da falta de fluxo gênico entre seus respectivos componentes.

Não haverá resultados positivos se simplesmente forem tomadas medidas burocráticas para a preservação dessas áreas. Os efeitos do antropismo secular local já foram tão marcantes que qualquer planejamento recuperativo deverá ter como base a implantação de corredores ecológicos estruturados em função da recuperação espontânea e do reflorestamento com espécies nativas dessas áreas degradadas. Nenhuma dessas medidas terá êxito se não forem previamente desenvolvidas pesquisas botânicas relacionadas, principalmente, a levantamentos florísticos e fitossociológicos, com os quais se terá em conta o conhecimento da riqueza e da abundância da flora nos respectivos conjuntos vegetacionais. Paralelamente, complementam-se esses estudos com os levantamentos faunísticos e pedológicos.

A recuperação e a integração desses fragmentos vegetais para a serra de Uruburetama, embora não possa ser considerado um ato a ser desempenhado exclusivamente em prol das orquídeas aí existentes, pois não se pode desprezar as outras espécies (vegetais e animais), terá um significado bem particular para os estudos botânicos relacionados às Orchidaceae e para a orquidofilia cearense. Neste sentido estará garantida a sobrevivência de uma espécie dessa família botânica, a Cattleya labiata Lindl., considerada a “Rainha do Nordeste” pelos orquidófilos, que vem tendo, desde o século XIX, uma participação muito significativa no setor horticultural mundial, dada a sua inclusão como planta ornamental em si, e, indiretamente, como participante em milhares de cruzamentos genéticos que trouxeram a esse setor uma infinidade de híbridos de alta qualidade e extensivamente cultivados em todo o mundo. Da serra de Uruburetama foram registrados diversos tipos horticulturais de Cattleya labiata, inclusive um homenegeando o ex-presidente da República, José Sarney. Essa espécie acha-se restrita a algumas serras úmidas cearenses, distribuindo-se, contudo, do norte do Rio de Janeiro ao Ceará.

No território cearense já foi bastante perseguida, desde os anos 40, no que se refere ao sistema predatório de coletada, chegando mesmo a ter parte de suas populações dizimadas em locais das serras de Maranguape e de Uruburetama. Os poucos indivíduos que restaram, atualmente acham-se “acuados” nesses restritos fragmentos serranos, ainda submetidos, ocasionalmente, às investidas de coletores para fins comerciais.

Dentro da programação de recuperação dessas áreas, também se deve propor a reintrodução dessa espécie e de outras que venham a ser consideradas em vias de extinção, à semelhança do que já vem acontecendo em Pernambuco, em áreas de Mata Atlântica, onde, através de convênio entre a UFPE e grupos de orquidófilos, espécies orquidáceas estão sendo usadas no repovoamento desses hábitats, inclusive a C. labiata.

(Luiz Wilson Lima Verde é engenheiro agrônomo e Diretor Técnico-Científico da ACEO)

Aspectos da orquidofilia cearense

O território cearense apresenta, de maneira simplificada, três feições fisiográficas distintas: o litoral, o sertão e as serras.

Em todas essas compartimentações topográficas ocorrem orquidáceas, contudo, na vegetação semi-árida da caatinga (sertão) a riqueza e abundância dessas espécies são baixas em comparação com as das serras úmidas locais. A incidência de espécies no complexo vegetacional do litoral (matas de tabuleiro, cerrados, matas a retaguarda das dunas e manguezais) estaria estatisticamente num meio termo entre as duas outras áreas.

Algumas serras úmidas cearenses, como Baturité, Maranguape e Uruburetama, caracterizam-se, basicamente, pelo seu posicionamento nas proximidades do entorno da orla litorânea; por receber, de imediato, os ventos carregados de umidade vindos do oceano; pelas altitudes que permitem uma dotação pluviométrica mais intensa e regular ao longo do ano; pelo conseqüente clima ameno aí estabelecido; e pela ocorrência de uma vegetação caracterizada, fisionômica e floristicamente, como encraves de Mata Atlântica isolados dentro do Bioma Caatinga.

Esses ambientes, principalmente acima dos 600m de altitude, são propícios ao desenvolvimento de uma flórula diversificada, inclusive epifítica, onde se destacam, entre vários grupos botânicos, o das Orquidáceas. Neles, acreditamos que ocorra mais de 90% da orquidoflora cearense, estimada hoje em cerca de mais ou menos uma centena de espécies, embora registros oficiais dêem conta de apenas 54 espécies pertencentes a 28 táxons genéricos, conforme expressam os trabalhos de Cogniaux (1898), Pabst & Dungs (1975, 1977) e Gomes-Ferreira (1990).

Vale salientarmos que essas serras encontram-se seriamente ameaçadas, em conseqüência da degradação secular dos seus hábitats, atualmente fragmentados e ainda submetidos continuamente à dilapidação da flora e da fauna locais. A preservação desses ambientes necessita, complementarmente, de pesquisas e cuidados preservacionistas, não somente pela sua expressiva biodiversidade, mas também pela carência de informações que ainda demanda sobre a sua riqueza e utilização racional. Nesse contexto devemos levar em conta, particularmente, a possibilidade de constatarmos a existência de espécies ainda desconhecidas de orquídeas ou de registrarmos novas ocorrências de espécies já conhecidas e, até mesmo, de espécies com conotações de endemismos para essas áreas montanhosas.

Não somente pelas orquídeas, mas por toda a biota desses ambientes, aprofundar os conhecimentos bio-ecológicos locais constitui um ato de reverência à responsabilidade do científico e do social, necessários à preservação, também, dos direitos que merecem desfrutar as futuras gerações locais e itinerantes.

Esse patrimônio, portanto, não pode e não deve pertencer a grupos individuais nem a indivíduos isolados que possam se auto-eleger signatários de determinadas parcelas de seu conteúdo biológico, como o grupo botânico das Orchidaceae. Diante desta configuração de responsabilidades cabe aos orquidólogos estudá-las e, através dos resultados conseguidos, mensurar e expressar sua riqueza e abundância, prevendo e estabelecendo estatísticas que conscientizem a sociedade da real situação ecológica de suas populações. Aos orquidófilos cabe ajudar o meio científico no que for possível e, também, compreender e descobrir que a fartura dessas espécies nos seus hábitats é coisa do passado, e o que restou, que é muito pouco, constitui um bem precioso que devemos preservar com afinco e entusiasmo. Neste sentido, não podemos mais continuar procedendo com as coletas irracionais nos raros fragmentos que restaram de nossas matas, nem tão pouco, estimulando a coleta predatória realizadas pelos mateiros para “engordar” as nossas coleções.

Como fato palpável, devemos lembrar o que a orquidofilia cearense presenciou no início dos anos 90, quando do crucial extermínio de populações inteira da nossa Cattleya labiata em muitos locais de algumas serras, como foi o caso de Maranguape e Uruburetama (sem mais comentários!). Neste período foi registrada uma grande pressão de coleta dessa espécie, tanto para cultivo na região metropolitana de Fortaleza, quanto em outros estados brasileiros. Aqui na região metropolitana, em algumas ocasiões, foi constatado o apodrecimento de dezenas de indivíduos dessa espécie, conseqüência de coletas irracionais e em grande quantidade, sem os devidos recursos de tempo hábil para mantê-las saudáveis e cuidadosamente bem cultivadas. É bom recordarmos que procedimentos semelhantes já haviam ocorrido nos anos 40 e 50, quando milhares de exemplares dessa espécie saíram do Ceará, por via portuária, para o Rio de Janeiro e São Paulo e, possivelmente, para o exterior. Nessas circunstâncias, quando o navio atrasava, muitas vezes toda a carga apodrecia em quintais de casas da nossa capital.

(Luiz Wilson Lima Verde é engenheiro agrônomo e atual Diretor Técnico-Científico da ACEO)

Os orquidófilos e o meio ambiente

O que uma associação de cultivadores de orquídeas tem a ver com o meio ambiente?

Tudo.

Os orquidófilos não são apenas aquelas pessoas apaixonadas pelas orquidaceae. Eles não se fecham em seu mundinho de laelias e cattleyas, dendrobiuns e ondiciuns, buscando a flor extraordinária, de armação perfeita, tonalidade gloriosa e perfume celestial. Podem até cometer exageros nos cuidados com as plantas e no tempo que a elas dedicam. Mas também enxergam além do orquidário e procuram acompanhar muito de perto o que acontece com a natureza.

Essa simpática comunidade está atenta, por exemplo, aos ambientes naturais onde florescem as orquídeas. Preocupa-se sobremaneira com a devastação de ecossistemas que são o habitat de espécies raras — algumas, talvez, sequer catalogadas e que estão desaparecendo diante da ocupação irracional de áreas que precisavam ser resguardadas como patrimônio intocável.

De fato, as fronteiras da irresponsabilidade têm avançado céleres sobre nossas florestas, ecossistemas costeiros, matas ciliares… A hiléia amazônica recua para dar lugar à pecuária, o cerrado perde sua cobertura vegetal, a exploração imobiliária desfigura a faixa litorânea. E cada vez que os tratores se põem em marcha, atropelam, dentre outras criaturas de Deus, as orquídeas. Sim, porque o Brasil é um dos países que apresentam o maior conjunto de espécies de orquídeas, com cerca de 3.500 espalhadas por todas as regiões. E elas podem surgir em qualquer parte, em qualquer latitude ou altitude, seja qual for a temperatura, o nível de umidade…

No Nordeste, a esta altura, já se considera comprometida a sobrevivência de algumas das mais belas orquidaceae, nos ambientes que lhes dão abrigo desde que o mundo é mundo. É o caso da Cattleya labiata no Ceará. A serra de Uruburetama, berço de belíssimas flores rubras, está sendo desmatada para dar lugar ao plantio de bananeiras. Árvores centenárias são abatidas e incineradas com toda a sua preciosa cobertura de epífitas. Crime que até agora tem permanecido impune. Entre o Rio Grande do Norte e Alagoas, a vítima da vez é a Cattleya granulosa, elegante moradora das áreas costeiras, que o “boom” imobiliário vem erradicando com despudorada avidez.

Nas associações orquidófilas, fatos como esses são discutidos. Geram-se denúncias. Procura-se conscientizar as pessoas quanto à insensatez que está sendo perpetrada. Por isto, é sempre alentador quando surge um novo grupo de “orquimaníacos”, porque já se sabe que funcionará como caixa de ressonância de idéias novas, como propagadora de uma nova visão relacionada às coisas da natureza.

Assim, é prazeroso registrar a reabertura da Sociedade Cearense de Orquidófilos (ACEO), que retoma um trabalho iniciado em 1977 e que resultou, em seus primeiros anos, na realização de inúmeras exposições, simpósios e publicação de estudos técnicos. A entidade vem atraindo antigos e novos associados, que se reúnem mensalmente, em torno não apenas de belíssimos vasos floridos, mas também de uma pauta voltada para questões ambientais.

Foram retomadas as publicações, palestras, seminários, congraçamentos e exposições. Estas, em locais de grande movimentação do público, têm o propósito de atrair mais e mais adeptos para a orquidofilia, uma atividade apaixonante, que, no mundo inteiro, envolve milhões de pessoas de todas as idades, profissões e níveis sociais, irmanadas pela dedicação às orquídeas e por um desmedido amor à natureza.

(Italo Gurgel é jornalista e presidente da Associação Cearense de Orquidófilos)