Ruschi: quando o Cruzado Novo homenageou o senhor das orquídeas e beija-flores

Em 1989, circulou no Brasil uma cédula de 500 Cruzados Novos, na qual se prestava homenagem ao grande naturalista e ecologista brasileiro Augusto Ruschi. Entre os elementos que ilustravam a cédula, o Banco Central incluiu a imagem de uma Cattleya warneri, em alusão direta à contribuição prestada pelo cientista para um melhor conhecimento das orquídeas brasileiras. Da mesma forma, inseriu o desenho de um beija-flor, por ter sido Ruschi um respeitado estudioso dessa ave, reconhecido mundialmente.

O Cruzado Novo (representado por: NCz$) ficou pouco tempo em circulação. Foi implantado a 16 de janeiro de 1989, sendo substituído pelo Cruzeiro já em março de 1990, em consequência da reforma monetária promovida pelo Plano Verão.

JOVEM CIENTISTA

Augusto Ruschi nasceu em Santa Teresa, município da região serrana do Espírito Santo, em 1915, e morreu em Vitória/ES, a 3 de junho de 1986. Desde a infância, ele revelou forte interesse pelas plantas e animais. Aprofundou-se no estudo da Biologia e tornou-se professor titular na Universidade Federal do Rio de Janeiro e pesquisador do Museu Nacional. Ajudou no combate a pragas na agricultura e na implantação de diversas reservas ecológicas. Também criou duas instituições científicas: o Museu de Biologia Professor Mello Leitão e a Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi. Deixou importante coleção de fotografias e desenhos científicos, além de 400 artigos e 20 livros.

AS ORQUÍDEAS

As orquídeas foram a primeira paixão de Ruschi. Na juventude, ele explorou mais de mil quilômetros quadrados de mata descrevendo, catalogando e classificando exemplares dessa família. Seu primeiro trabalho publicado (com a idade de 15 anos) foi um artigo sobre a descoberta de dois novos gêneros e 19 espécies de orquídeas, trabalho escrito em Latim e com uma metodologia inovadora. Aos 16 anos, passou a trabalhar, como coletor de espécimens, para o Museu Nacional. Aos 19, interessou-se pelos beija-flores, ao descobrir que alguns deles eram responsáveis pela polinização das orquídeas. Aos 22 anos, tornou-se Professor Titular de Botânica na UFRJ.

Dentre as espécies descobertas por Ruschi, estão algumas de grande importância, como a Laelia sincorana (hoje, Cattleya sincorana). Mas, ao homenageá-lo, lembrando essa faceta do cientista, o Banco Central lançou mão de uma imagem da Cattleya warneri, uma das mais representativas da flora orquidófila do Espírito Santo.

DEFENSOR AMBIENTAL

Corajoso na defesa do meio ambiente, Augusto Ruschi envolveu-se em várias disputas com autoridades e grandes empresas, sempre a favor da preservação ambiental. Também foi pioneiro no combate ao desmatamento da Amazônia. Em 1965, em plena ditadura militar, encampou a luta para impedir a concretização de um plano do governo do Espírito Santo para vender madeira de matas nativas e ocupa-las com monoculturas de eucalipto. Condenou os planos oficiais de ocupação da floresta amazônica e falou, em diversos fóruns, a favor dos povos indígenas. Reconhecido como um dos ícones mundiais na proteção ao meio ambiente, em 1994, através de lei federal, lhe foi concedido o título de Patrono da Ecologia no Brasil.

ENCONTRO TRÁGICO

Em 1975, numa viagem ao Amapá, acidentalmente, Ruschi foi envenenado por sapos dendrobatídeos. Teve de ser hospitalizado, emagreceu muito e, pelo resto de sua vida, teria a saúde abalada. Sofria com febres, dores permanentes por todo o corpo, hemorragias e comprometimento do aparelho digestivo. Em 1985, já muito fragilizado por várias malárias e esquistossomoses que contraiu durante as pesquisas de campo, foi acometido de hepatite C. Em janeiro de 1986, após a ineficácia dos tratamentos médicos convencionais, Ruschi se submeteu a um ritual de cura e purificação dirigido pelo cacique Raoni e o pajé Sapaim. Houve melhoras em seu quadro, porém efêmeras, e o estado de saúde continuou agravando-se, até que, a 3 de junho daquele mesmo ano, o grande cientista e cidadão exemplar veio a falecer.

Grammatophyllum: um gigante asiático conquista o Brasil

Na 4ª Bienal de Orquídeas do Nordeste, que aconteceu na Capital cearense, entre os dias 2 e 4 de fevereiro, paralelamente ao 11º FestOrquídeas de Fortaleza, chamou a atenção do público uma grande touceira de Grammatophyllum scriptum, trazida de Natal pelo orquidófilo Gerson Paiva. A planta, fotografada alguns milhares de vezes pelos visitantes da exposição, terminaria conquistando o prêmio de Melhor Cultivo, atribuído pelo Juri oficial, e o troféu do Voto Popular. Encerrada a mostra, ela retornaria ao Rio Grande do Norte, mas os ecos de sua passagem por Fortaleza ainda se ouvem. Muita gente passou a se interessar pelo magnífico gênero de orquidácea, alimentando o sonho de um dia ter em seu orquidário uma planta com aquele porte agigantado e inusitada beleza.

QUE PLANTA É ESSA? – Grammatophyllum é um gênero de 13 espécies de orquídeas atualmente conhecidas. O nome deriva das palavras gregas gramma (linha ou marca) e phyllon (folha). Como epífita, ocorre em densas florestas da Índia, Indonésia, Filipinas, Nova Guiné e outras ilhas do Pacífico Sudoeste. As flores, em grande número, são esverdeadas ou amarelas, com marcas de cor vermelho-escuro. O maior Grammatophyllum é o da espécie speciosum, que, na verdade, se acredita ser a maior orquidácea do todos os continentes. No Guinness Book of Word Records, ela é apresentada como recordista, registrando-se um espécime cujas hastes atingiram 7,62 metros de altura. Outro espetáculo é propiciado por suas raízes, que mostram feixes espetaculares. Já o Grammatophyllum multiflorum pode manter-se florido por até nove meses.

GRAMMATOPHYLLUM NO BRASIL – Registros feitos pelos mais experientes e criteriosos orquidófilos brasileiros dão conta da excelente adaptação desse gênero em nosso País. O melhor exemplo é o Grammatophyllum speciosum presenteado, ainda pequeno, à engenheira florestal Lou Menezes, pelo colecionador pernambucano Odilon Cunha. Nas mãos de Lou, que na época dirigia o Orquidário Nacional do Ibama, em Brasília, a planta agigantou-se, revelando não apenas o acerto nos cuidados que lhe foram dispensados, como também sua perfeita adaptação às condições climáticas em nosso país. Hoje, Lou Menezes mantém a planta como um  verdadeiro troféu.

Todas as fotos que ilustram este texto são do extraordinário Grammatophyllum speciosum cultivado, em Brasília, por Lou Menezes. Na foto ao lado, imagem da primeira floração, que aconteceu cerca de quatro anos atrás. Já nessa ocasião, o Grammatophyllum surpreendeu pelo tamanho das hastes florais, que se projetam elegantemente para o alto, emprestando à touceira um porte majestoso. Não se conhece nenhuma outra planta desse gênero, cultivada em condições semelhantes, no Brasil, e que revele tal desempenho.

Um registro necessário: durante anos, Lou Menezes conduziu, no Orquidário do Ibama, o Projeto Orquídeas do Brasil. Seu trabalho exitoso lhe rendeu prêmios, credibilidade e reconhecimento no País e no exterior. Diversos livros foram publicados, divulgando nossas orquídeas e reforçando a luta para preservar nossa flora de orquídeas. Em 2015, o Orquidário foi derrubado, com o que se desmontou, também, todo esse trabalho. A preciosa coleção que ali era mantida teve que ser salva, às pressas, em meio à revolta do mundo orquidófilo. Ficaram as fotos.

Noiva com buquê de orquídeas

Nova e bouquet 01

Helena é a noiva. O buquê por ela idealizado deveria ter apenas orquídeas brancas, com alguns toques de amarelo. “Souza Floricultura”, de Fortaleza, confeccionou exatamente o que ela queria: um buquê de Phalaenopsis alba, alguns ramos de Denphal igualmente albino, tudo entremeado com hastes de Oncidium Aloha. Beleza e simplicidade emolduradas pelo sorriso da noiva. As orquídeas vieram do Orquidário Flores do Lago, de Patos de Minas/MG (34 – 3825.7744 / 99999.1042 – floresdolago@gmail.com). Embaladas com muito esmero, as flores chegaram perfeitas a seu destino.

Ultrapassamos os 500 mil visitantes

Este site, criado pela Associação Cearense de Orquidófilos – ACEO, ultrapassou, no mês de setembro, a marca dos 500 mil visitantes, um patamar considerável para este segmento temático no Brasil. Setembro também foi o mês recordista, com 13.132 acessos.

Tão importante quanto o volume de acessos é o conceito que o site construiu desde que foi criado, em 2007, o que pode ser medido pelo grande número de mensagens que recebe e de pedidos para inserção de matérias anunciando exposições e outros eventos.

Gerida com profissionalismo, por dois jornalistas, a página é essencialmente noticiosa. As postagens são feitas com grande frequência, o que também estabelece um diferencial positivo.

Diariamente são respondidas perguntas dos internautas, o que propicia uma salutar interatividade entre a ACEO e os orquidófilos de todo o país e do exterior. A webpage também tem sido um “cartão de visitas”, levando muitas pessoas a descobrirem a ACEO, da qual se tornam, mais tarde, membros efetivos.

Seguem-se algumas estatísticas atualizadas com relação ao desempenho do site nos sete anos decorridos desde sua criação:

  • Total de postagens: 572;
  • Total de visitantes: 508.897;
  • Total de visualizações: 1.324.408;
  • Origem dos acessos: 165 países (92% do Brasil – 2,27% de Portugal – 1,16% dos EUA, e o restante dos demais países);
  • Assinantes da Newsletter: 2.447;
  • Mensagens enviadas pelo formulário de contato: 1.965;
  • Comentários feitos pelos visitantes: 2.639;
  • Página mais visitada: Dicas de Cultivo de Orquídeas, com 186.400 visualizações.

22 de Junho – Dia do Orquidófilo

Neste 22 de Junho de 2014, a Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) lembra: Cultivar orquídeas é mais do que extasiar-se diante de sua beleza: é também defendê-las, é proteger os ambientes naturais onde elas vicejam, é sintonizar-se com a natureza e descobrir-se como parte dela, é exercitar a solidariedade, a gentileza, a generosidade, a tolerância. Cultivar orquídeas é uma forma de crescermos como seres humanos.

De onde vêm os vasos onde cultivamos nossas orquídeas?

Nas mãos habilidosas do oleiro, rapidamente a argila toma a forma de vaso… um vaso destinado a orquídeas. A cena flagrada na sequência fotográfica se repete, dezenas de vezes por dia, na “Cerâmica Heitor”, onde se abastecem nove entre dez cultivadores de orquídeas cearenses.

Heitor dirige a olaria com muita competência e simpatia. Não há demanda que ele não consiga atender. Sua equipe conhece todos os segredos da argila e elabora qualquer peça que venha a ser concebida pelos que procuram a olaria, instalada no bairro de Messejana (Rua Joselito Parente, 700), em Fortaleza.

Merece aplauso, igualmente, a consciência ambiental que preside o trabalho. Nos fornos da olaria, somente são usadas sobras de madeira da indústria de móveis e galhos de árvores mortas. O cuidado com a sustentabilidade realça o estilo de trabalho de uma pequena empresa que tem, na sua clientela, um grande número de pessoas que amam a natureza e são, naturalmente, sensíveis à questão ambiental.

Para contatos com o Heitor: fone (85) 3229.2522 – E-mail: heitornmendes@gmail.com

Tradicional vaso para orquídeas, com furos laterais e na parte inferior.

Nos fornos da olaria, somente madeira de descarte.

Peças de barro para todos os gostos e finalidades.

Parabéns! Hoje é o Dia do Orquidófilo

Comemora-se hoje – 22 de junho –, no Brasil, o Dia do Orquidófilo. A escolha dessa data é uma homenagem a João Barbosa Rodrigues, que nasceu a 22 de junho de 1842, em São Gonçalo do Sapucai, MG. Engenheiro, naturalista, botânico, taxonomista, Rodrigues foi, durante quase 20 anos, Diretor do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, cargo que ocupou até sua morte, a 6 de março de 1909. Foi no Jardim Botânico que ele conduziu estudos sobre as orquídeas brasileiras, tendo produzido importantes trabalhos, como “Genera et species orchidearum novarum”, em três volumes, e uma “Iconografia das orquídeas”. Baptistonia e Capanemia são exemplos de gêneros nominados por Barbosa Rodrigues. Já a Barbosella é um gênero a ele dedicado.

Cattleya labiata Lindl. - A chamada "Rainha do Nordeste", por sua beleza, perfume, adaptabilidade e importância histórica, pode ser considerada, também, a Rainha das Orquídeas.

TUDO COMEÇOU COM A CATTLEYA LABIATA

A C. labiata, descrita pelo botânico inglês John Lindley em 1821, é uma orquídea nativa do Nordeste brasileiro. Quando floresceu nas estufas europeias, no início do Século 19, encantou o Velho Continente e despertou enorme interesse pelas orquídeas tropicais. Mais tarde, o cultivo de orquídeas se tornou uma das atividades de lazer mais difundidas no mundo inteiro.

No Ceará, os amantes das orquídeas são reunidos pela Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO), fundada em 26 de outubro de 1977. Os encontros acontecem uma vez por mês, na Casa de José de Alencar, em Fortaleza, sempre no terceiro sábado de cada mês, a partir das 15h. Nessas ocasiões, todos levam vasos floridos, o que resulta em pequenas exposições. Além dos informes e da distribuição do “Boletim ACEO”, são ministradas palestras, promovem-se discussões, analisam-se algumas flores expostas no local e faz-se o sorteio de plantas entre os presentes. O FestOrquídeas é a grande exposição anual, realizada pela ACEO no mês de novembro. Esporadicamente, são programados passeios, compras coletivas de orquídeas, atividades em orquidários públicos e encontros informais na residência dos associados, gerando momentos de prazerosa confraternização.