A presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia (APO), Graziela Meister, conversou, na cidade do Porto, com o diretor de comunicação da ACEO, jornalista Italo Gurgel. Na entrevista, ela fala de sua paixão pelas orquídeas, que cultiva há mais de 45 anos.
Italo Gurgel – O que a levou a cultivar orquídeas? Quando isto aconteceu?
Graziela Meister – O que me levou a cultivar orquídeas foi sua beleza e formas singulares, que as distinguem de todas as outras plantas. Há 45 anos, encontravam-se muito poucas orquídeas em Portugal e isso também foi um desafio para mim. Tudo começou mais ou menos em 1967, quando costumava ir a um grande horto do Porto, que se chamava Moreira da Silva, e onde encontrei as primeiras orquídeas à venda. Nessa altura, só se vendia Paphiopedilum e Cattleya.
IG – Lembra-se de sua primeira orquídea? Ela ainda está com você?
GM – Sinceramente, não me lembro de minha primeira oruídea. Sei que era um Paphiopedilum, mas não sei a sua espécie. As orquídeas não vinham referenciadas e não havia os meios que hoje temos para as qualificar. Já não a tenho, nem me lembro o que lhe aconteceu. Vivi durante dez anos num apartamento e, quando mudei para a casa onde vivo hoje, já tinha construído nela duas estufas, uma temperada e outra quente. Na temperada, tinha muitos gêneros de plantas e as orquídeas coloquei-as todas na estufa quente, que era mesmo quente, sem os meios necessários para as orquídeas se sentirem confortáveis, daí perdi um grande número delas. A informação sobre orquídeas era mínima, só comecei a tê-la depois de comprar alguns livros da especia-lidade no estrangeiro.
IG – Quantas orquídeas você cultiva atualmente e onde estão elas?
GM – Atualmente, cultivo mais de 1.000 orquídeas, espalhadas por todo o jardim, numa estufa fria e numa espécie de jardim de inverno, que chamo de estufa quente. A maior parte das orquídeas em flor coloco-as num canto da sala envidraçada, para as poder admirar.
IG – Quanto tempo você dedica, diariamente, a suas plantas?
GM – Não estou muito tempo com as minhas orquídeas, ou pelo menos o tempo que eu desejaria estar. Na média, estou uma hora por dia, tendo o cuidado de ir verificando se têm alguma doença, para as tratar logo no início. Em alguns fins de semana ou quando não preciso dar aulas, aproveito para cuidar delas com mais minúcia.
IG – Quais são os gêneros/espécies (ou híbridos) de sua preferência?
GM – Todas as Cattleyas são para mim a rainha das orquídeas, mas aprecio muito a Laelia purpurata e os Lycastes.
IG – Hoje, quais os critérios que você observa quando vai adquirir uma nova planta?
GM – Ao adquirir novas orquídeas, dou especial atenção à temperatura que elas exigem e escolho principalmente as orquídeas oriundas de um habitat temperado.
IG – O que você faz para cultivar orquídeas tropicais no Porto, levando em conta as condições climáticas?
GM – Como vivo perto do mar, não tenho grande problema com as temperaturas baixas ou geadas. Geadas, não tenho mesmo. A zona onde vivo é uma grande estufa temperada. Todas as orquídeas que exigem mais calor, cultivo-as na estufa quente.
IG – O cultivo de orquídeas tem-se popularizado em Portugal?
GM – Com o decorrer dos anos, e especialmente com o trabalho que a Associação Portuguesa de Orquidofilia tem tido em levar ao público o ensinamento do cultivo de orquídeas, os hortos portugueses têm muito mais orquídeas à venda do que, por exemplo, seis anos atrás. Vamos, em 2015, realizar a 6ª Exposição/Venda Internacional de Orquídeas do Porto. Durante o ano, fazemos pequenas exposições nacionais, conforme os convites que recebemos, mas na primavera e outono estamos sempre presentes nas festas do Jardim Botânico da Ajuda, em Lisboa. Estamos a organizar a 1ª Exposição/Venda para o próximo outubro, em Lisboa, com a intenção de passarmos a fazer uma exposição internacional também naquela cidade.
IG – As orquídeas nativas de Portugal sofrem alguma ameaça em seu ambiente natural?
GM – As orquídeas nativas não correm muitos perigos. Há em Portugal uma associação de orquídeas silvestres, que se dedica só a esse tipo de orquídeas.