As entrevistas da ACEO – nº 10: Takane vê com otimismo o cultivo de orquídeas no Ceará

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O Prof. Takane ministrou curso na ACEO em junho de 2007.

O Boletim ACEO, em seu nº 14, datado de 20 de setembro de 2008, retomou a série de entrevistas com personalidades ligadas ao mundo orquidófilo brasileiro. Dessa feita, o entrevistado foi o Prof. Roberto Jun Takane, um amigo da ACEO, que já ministrou cursos para os orquidófilos cearenses e que enriqueceu, com sua presença, o I FestOrquídeas de Fortaleza, em novembro de 2007.

Takane é engenheiro agrônomo, produtor de orquídeas em Atibaia/SP e autor de livros como Cultivo Moderno de Orquídeas (Phalaenopsis) e Técnicas e Preparo de Substratos. Aqui, ele fala de seu trabalho e repassa experiências.

ACEO – Qual a importância das orquídeas na floricultura brasileira?

Roberto Jun Takane – No Brasil, existem mais de 100 produtores de orquídeas, de pequeno a grande porte, com estruturas diferentes na produção. O volume de produção é estimado em 12 milhões de vasos por ano, comercializados nos Ceasas de São Paulo, Campinas e Veiling Holambra. A área de produção era de aproximadamente 60 hectares, em 2002, representando em torno de 9% da área de produção da floricultura brasileira. Segundo fabricantes de vasos plásticos, as orquídeas só perdem para as culturas do crisântemo e da violeta africana, dentro do cenário nacional. Mas a grande importância está na geração de empregos. Diretamente, uma área de 1.000 metros quadrados gera emprego para dois a quatro funcionários, 12 meses por ano.

ACEO – O que falta para se expandir a produção de orquídeas no Nordeste?

RJT – No meu ponto de vista, informação e espírito empreendedor, pois a grande maioria das espécies de orquídeas é classificada como tropicais, ou seja, de clima quente e úmido. Dados preliminares obtidos pela pesquisa por mim conduzida apontaram crescimento de 32,3% em orquídeas da espécie Hadrolaelia sp., em condições do Ceará, em Aquiraz, comparando a mesma espécie conduzida em Atibaia/SP, por um período de 12 meses. Teoricamente, esta espécie poderá florescer com dois anos de cultivo, no Ceará, enquanto a mesma muda florescerá somente com quatro anos nas condições de São Paulo. Mesmo florescendo com três anos, o ganho será extraordinário, com relação a economia e, conseqüentemente, diminuição de custos de produção.

ACEO – Que conselho básico você teria para um orquidófilo principiante?

RJT – Acredito que paciência é a palavra-chave, pois as orquídeas normalmente florescem uma vez por ano. Outro seria a busca por informações, principalmente em associações. A filiação nestas seria muito interessante, pois infelizmente a literatura ainda é muito escassa.

ACEO – E que orientações daria a um orquidófilo experiente?

RJT – Acredito que a busca por novos conhecimentos, novos substratos, novos fertilizantes. Variedades estão sendo produzidas ano a ano. Doenças e novas pragas também estão surgindo, com a aquisição de novas espécies.

ACEO – Quais são os grandes inimigos das orquídeas?

RJT – Acredito que o maior é a falta de informação. A maioria das mortes de plantas ainda tem origem na ação de pessoas que ganham uma orquídea.

ACEO – Cite um bom substrato.

RJT – Não tenho dúvidas de que o substrato a ser utilizado deve ser o encontrado na região. Nos estados do Norte, os colecionadores estão utilizando o caroço de açaí e a casca da castanha do Pará. No estado de Goiás, é comum o uso do capúleo de algodão (casca do fruto do algodão) misturado com pedaços de carvão. O uso de substratos regionais é uma tendência sem retorno. No entanto, é importante observar alguns aspectos, que devem ser analisados antes dos testes definitivos:

1) Acidez – Alguns materiais, como as cascas de árvores – por exemplo, de pinus – podem ser muito ácidos, devido à presença de altos teores de taninos e outras substâncias, devendo ser “parcialmente” neutralizados. Muitos amadores no cultivo de plantas, por falta de informações, colocam seixos de mármore nos vasos, o que pode ser extremamente prejudicial às orquídeas. O mármore nada mais é do que o calcário metamorfoseado. Elimina toda a acidez de que as raízes necessitam para o seu crescimento, podendo causar a morte da raíz e, por conseguinte, da planta.

2) Salinidade – Seria interessante que o material a ser testado tenha menor índice de salinidade, para não haver a queima das raízes pelo excesso de sais. Um erro freqüente é o uso da fibra de coco verde, ou da bagana, sem o tratamento adequado. A salinidade neste material é muito alta, fazendo com que a orquídea não resista, perca a água, desidrate e, em caso mais sério, pode causar a morte das plantas.

3) Durabilidade – Bagaço de cana ou casca de eucalipto não apresentam durabilidade compatível com a longevidade das orquidáceas. Testes realizados com o bagaço, por exemplo, mostrou a necessidade de até quatro replantios durante o ano, o que inviabiliza o uso desse material. Diferentemente, a casca de arroz carbonizada tem apresentado uma durabilidade superior a seis anos, o que a torna muito interessante no cultivo de plantas de longo ciclo, como é o caso das orquídeas.

4) Porosidade – Muito relacionada com o item anterior, pois o substrato de baixa durabilidade está normalmente relacionado à diminuição da porosidade, devido à fragmentação do substrato em si. Talvez seja um dos aspectos de maior importância, pois as orquídeas necessitam de alta porcentagem de porosidade.

5) Capacidade de retenção de água – Aspecto muito importante para definir as misturas de um substrato ou, até mesmo, do tipo de vaso a ser utilizado. É importante entender que quando se muda parte das misturas dos substratos, há também a alteração da retenção da água. E neste caso é importante recalcular a quantidade de água a ser regada para as plantas com a nova mistura.

6) Presença de pragas e doenças – Muitas vezes as plantas acabam sendo infectadas por pragas e doenças presentes nos materiais utilizados como substrato. É sempre aconselhável observar a origem do material e, no caso de dúvidas, esterilizá-lo de uma forma conveniente.

7) Vasos e containers – Este item também deve ser analisado pelo usuário. Por exemplo, no uso de vasos plásticos seria recomendado diminuir a freqüência das regas, pois estes mantêm a umidade necessária às plantas por mais tempo. Mas, por outro lado, seria interessante o uso de vasos plásticos em localidades onde a umidade do ar seja muito baixa.

ACEO – Um bom adubo…

RJT – Tenho defendido a tese de que os orquidófilos e amantes das plantas devem usar fertilizantes naturais, como faço na minha produção. O uso de fertilizantes químicos é aconselhado para profissionais da produção, pois necessitam de cuidados extras, além de muitas misturas (NPK) possuírem o nitrato nas suas misturas. No meu caso, na produção tenho utilizado o Bokashi, que eu trato como um biofertilizante, pois neste fertilizante inoculamos fungos e bactérias benéficas, como é o caso de algumas micorrizas.

ACEO – Um bom tipo de vaso…

RJT – Conforme já mencionamos, o vaso deve ser estudado caso a caso. Na maioria dos substratos comerciais, a retenção de água é pequena, sendo interessante o uso de vasos plásticos para uma maior retenção da umidade. Alguns produtores utilizam exclusivamente o esfagno como substrato, pois ele tem uma retenção elevada de umidade, sendo, neste caso, aconselhável o uso de vaso de cerâmica. Na produção comercial em larga escala, o uso de vaso plástico leva à economia de água, o que se traduz em economia financeira, além de ser ecologicamente correta.

15 comentários em “As entrevistas da ACEO – nº 10: Takane vê com otimismo o cultivo de orquídeas no Ceará”

  1. A maioria das minhas orquídeas estão plantadas em fibras de coco (vasinho ou direto na lâmina) Está errado? A tendência é a Fibra de coco reter água de mais? Então devo molhar mais? Ou mudar minhas orquídeas novamente para o vaso? Mas coloco o que no vaso se hoje em dia há uma grande extinção de xaxim?
    Aguardo ansiosa por respostas.
    Um grande abraço,
    Alessandra
    Espírito Santo/ Vila Velha

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  2. São entrevistas como essa que nós “Orquidófilos”,sou iniciante, ficamos sabendo de novas técnicas para produzir-mos nossas mudas e nossas orquídeas. Parabéns pela bela entrevista do Prof. Takane, mandem mais conteúdos, pois só vem acrescentar nossas pesquisas. Gostaria de receber mais informações, Obrigado. antojosouza@hotmail.com

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  3. Alessandra,
    No Ceará usamos muito a casca do coco, depois de ressequida. Desfibrada, essa casca tende a ter vida breve. Em pouco tempo se decompõe. Você pode usar, em lugar da fibra, a casca cortada em pedacinhos. O ideal é um substrato que deixe a água passar direto, sem encharcar, evitando-se assim prejudicar as raízes. Enfim, procure manter o substrato úmido, jamais encharcado, pelo que você deve ter cuidado na estação das chuvas.

    Italo

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  4. Amigos orquidofilos possuo um orkut com este mesmo nome, si quiserem podem adicionar e manteremos contato.Cultivo minhas orquideas em fibra de coco muito abundante no nordeste(tenho um coqueiro em casa) e ate hoje só tive alegrias com este substrato.Corta-lo em cubos é o melhor para a orquidea.Abraço a todos e muitas plantas floridas.
    Shalom

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  5. TENHO MUITAS CÁPSULAS DE ORQUÍDEAS QUE DA FLORAÇÃO APARECEM AS CÁPSULAS.
    POR EXEMPLO: LAÉLIA PÚMILA; CATLEYA WALQUERIANA, GUTATA, LAÉLIA LOBATA, ETC.
    CASO TEHAM INTERESSE DE REPRODUZÍ-LAS ME AVISEM QUE ENVIAREI.

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  6. Olá! Me mudei para o Nordeste e percebo q as minhas orquídeas estão lindas porém não dão flores. Fico em dúvida se é pelo calor, pela mudança de clima( já q vim de Minas) ou se seria por falta de algum adubo. O q fazer?

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  7. Bárbara, as orquídeas, em geral, são plantas que se adaptam, sem grandes traumas, a novos ambientes. Mas pode acontecer de, após uma mudança, elas passarem algum tempo sem florescer. É um período de adaptação, algo natural. Continue cuidando direitinho de suas plantas que elas, mais cedo ou mais tarde, vão responder com muitas flores.
    Italo

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  8. Cara colega Helena Antonia Ferreira gostaria de ter algumas destas capsulas como faço pra entrar em contato contigo?? meu msn e e-mail sh_emanuel@hotmail.com agradeço sua atençao. Sinta-se convidada a vir a exposiçao em novembro e a todos os visitantes do site. Shalom

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  9. Fiquei satisfeita em conhecer este site,onde pude constatar a feliz escolha de cultivar orquideas.sou do espirito santo ,e moro na beira da praia onde a salinidade é alta e o vento bate forte quase o dia todo,más mesmo assim tenho cultivado phalenopsis com grande sucesso.Abraços aos orquidófilos do CEARÁ.

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  10. Bom dia,
    Moro em Aracruz/ES, nesta região coleto casca de pinus direto da árvore, não detono a arvore não, são casca que já estão sobrado ” excesso” o que é muito economico, tem tambem muita casca de outras árvores e fibra de coco seco que acho na praia, gostaria de saber como neutralizar ou diminuir a acidez ou o tanino destes substratos?

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  11. Olá pessoal,
    Tenho usado em teste, como substrato, pedaços recortados com facão de galhos da árvore do Camará[encontradas já no chão e não cortadas das árvores], muito comum por aqui.
    O que vcs acham? será que terei problemas com doenças , apodrecimento , PH errado ou outros?

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  12. gostaria de saber qual tratamento adequado para as orquideas depois de florir. minhas orquideas estao terminando a floraçâo estou preocupada se a necessidada de algum fertilizante especial.o bokashi è o ideal? sou novata sei alguns recurssos pois meu marido era quem cultivava mas infelizmente DEUS o chamou gostaria de continuar a cultiva-las um abraço.

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  13. Olá,
    editoria deste jornal

    PARABÉNS POR UM VEÍCULO DESTE PORTE.
    É DE TEMAS RELACIONADOS COM A INTEGRAÇÃO DOS MAIS DIVERSOS TIPOS DE VIDA QUE AS PESSOAS ESTÃO NECESSITANDO, POIS A VIDA HUMANA ESTÁ SE DESCARACTERIZANDO COM O MUNDO VIRTUAL.
    MAIS UMA VEZ, PARABÉNS.
    TAMBÉM SOU JORNALISTA E ORQUIDÓFILA, OU ORQUIDOIDA, COMO AS VEZES NOS CHAMAMOS POR AQUI.

    ABRAÇOS
    maria jose dos santoss

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