Novos eventos movimentam o mundo orquidófilo este mês. Já no próximo fim de semana, entre os dias 10 e 12, acontece em São Paulo a 128ª Exposição de Orquídeas do Círculo Paulista de Orquidófilos. Vejam os cartazes dessa e de outras exposições:
ASSOPE convida para sua 42ª Mostra de Orquídeas
Vem aí a 42ª Mostra de Orquídeas de Pernambuco, agendada para os dias 20, 21 e 22 de outubro, no Recife. A abertura acontecerá às 19h da sexta-feira, 20, na sede da Associação Orquidófila de Pernambuco (ASSOPE), na Rua dos Palmares, 831, bairro de Santo Amaro.
Durante todo o fim de semana, haverá, no local, exposição e venda de orquídeas (a cargo do K&S Orquídeas), palestras, oficinas e rodas de conversa inspiradas em temas como o cultivo de vandas, cultivo em apartamento, reenvase de plantas e cultivo de rosas do deserto. A Mostra, com entrada grátis, será encerrada às 18h do domingo, seguindo-se a entrega de premiações.
Setembro se encerra com visita o Orquidário Santa Gertrudes
A Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) realizou no último sábado, 30 de setembro, a sua reunião mensal, que dessa feita teve como cenário o Orquidário Santa Gertrudes, de propriedade do associado Edmilson Costa. Na visita às instalações do orquidário, os participantes do encontro puderam conhecer, entre outros, o espaço reservado por Edmilson para acolher as orquídeas do Dr. Estanislau Queiroz, um ilustre membro da ACEO, já falecido. No relato que se segue, a presidente da ACEO, Michelle Canário, presta homenagem ao Dr. Estanislau:
O Dr. Estanislau e suas walkerianas
(Por Michelle Canário, presidente da ACEO)
Após um problema de saúde, aconselhado pelo seu médico, o Dr. Estanislau veio morar no Nordeste e escolheu Fortaleza para uma nova etapa na jornada de sua vida.
Tive o prazer de conhecer ele e seu filho Henrique no nosso 3° FestOrquideas, que aconteceu no Dragão do Mar. O médico mineiro ainda se recuperava de uma cirurgia cardíaca. Ele então me pediu que o ajudasse a escolher algumas orquídeas que o Orquidario Flores do Lago tinha disponíveis e que fossem de mais fáceis cultivo nessa sua nova aventura orquidofila.
A primeira escolhida foi uma Cattleya labiata e, para ter flores mais rapidamente, acrescentou alguns híbridos, dando início assim à sua coleção no Nordeste.
Tornamo-nos amigos e, logo que foi possível, ele veio fazer parte do quadro de associados da ACEO. Seu fascínio pelas Walkerianas o incentivou a tentar o cultivo dessa orquídea no Ceará. Apesar de pertencerem ao gênero Cattleya, que geralmente é de fácil cultivo, as walkerianas e nobiliors sempre foram um desafio, até então, para os orquidofilos do Nordeste (hoje, com os melhoramentos genéticos, elas já são mais fáceis de se cultivar).
Após algumas dificuldades com a umidade, a água e o clima de Fortaleza, o Dr. Estanislau conseguiu ter flores e, principalmente, manter um boa vegetação nas suas walkerianas e isso foi de uma felicidade imensa pra ele.
Certo dia, ele me ligou: “Michelle, estou te ligando porque estou muito feliz. Minhas walkerianas estão finalmente florindo e me lembrei de quando eu olhava no quintal, na minha infância em Minas Gerais, e via as árvores cheias delas floridas, perfumando tudo.”
Hoje, sempre que vejo uma walkeriana em flor, me lembro do Dr. Estanislau e de sua coleção. Ontem, no Orquidário Santa Gertrudes, fiquei muito feliz de ver suas plantas sendo muito bem cuidadas pelo Edmilson, que também era um dos seus amigos queridos.
Obrigada ao Edmilson por proporcionar esse momento.
Associação Paraibana realiza sua 37ª Exposição
A Associação Paraibana de Orquidófilos (APO) convida a todos para a 37ª Exposição de Orquídeas, que está sendo aberta hoje, dia 31, no Shopping Tambiá, em João Pessoa, prosseguindo até o dia 2 de setembro. As vendas de orquídeas e materiais de cultivo serão realizadas de 31 de agosto a 3 de setembro. Amanhã, dia 1º, às 16 horas, os visitantes poderão participar da oficina “Replante e preparo de substratos para orquídeas”, a cargo de José Carlos, membro da APO. No dia 2, às 9 horas, será a vez da oficina “Cultivo de micros”, por Humberto Brito, da APO. No mesmo dia, às 15 horas, será ministrada a oficina “Cultivo de vandáceas”, por Jarbas Nobre, também da APO. Toda essa programação se desenvolverá no cenário da exposição.
ACEO comemora o Dia dos Pais em reunião das mais movimentadas
A Associação Cearense de Orquidófilos realizou sábado passado, dia 19, uma de suas mais movimentadas reuniões, ocasião em que debateu assunto técnico, depois de os associados exibirem e analisar as flores levadas para ao ocasião. Ao final, numa confraternização em que se multiplicavam os “comes e bebes”, os presentes comemoraram o Dia dos Pais, culminando com uma farta distribuição de brindes, além de animado bingo.
As reuniões da ACEO se realizam, costumeiramente, na tarde do terceiro sábado de cada mês, na Casa de José de Alencar, em Fortaleza. Esses encontros são abertos ao público, que assiste livremente às exposições técnicas e confraterniza com os orquidófilos. Aqueles que quiserem associar-se podem aproveitar essa ocasião, com o que passam a participar também dos sorteios de plantas e outros brindes.
Eventualmente, as reuniões podem acontecer no orquidário de algum associado. Por essa razão, a ACEO solicita aos não associados que entrem em contato com a entidade, na véspera, para inteirar-se de que o encontro será realizado, de fato, na Casa de José de Alencar, ou não. O contato pode ser feito pelo Instagram – @aceo6270.
Seguem-se fotos que ilustram as atividades e a excelente vibe que presidiu todo o evento do dia 19:
29ª Exposorn será aberta no próximo dia 25
A Associação Orquidófila do Rio Grande do Norte (SORN) realiza, nos próximos dias 25, 26 e 27 de agosto, a 29ª Exposorn. A grande exposição anual da entidade, a se realizar no parque do Museu Câmara Cascudo, em Natal, contará, mais uma vez, com palestras e oficinas, além da exposição e venda de orquídeas. A programação de palestras, que movimentará o último final de semana do mês, é a seguinte:
Dia 25/08
- 14:30h – Manutenção de bonsais (por José Martins Fernandes)
Dia 26/08
- 10h – Dendrobium anosmum: Como cultivar, fazer a multiplicação de mudas e ter sucesso (por Maria Gleide Brandão Mendes)
- 15h – Híbridos de Brasavola: Cultivo no Nordeste (por João Maria Pontes e Antônio de Sousa Marinho)
Dia 27/08
- 10h – Cultivo básico de orquídeas (por Aucimar Cerqueira)
Contribuição para o estudo das orchidaceae do Ceará
Entre os dias 18 e 20 de dezembro de 1987, a Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO) organizou em Fortaleza dois eventos paralelos – o 1º Encontro Cearense de Orquidófilos e a 8ª Exposição de Orquídeas do Ceará. A Associação (então chamada de Sociedade) lançou, no Encontro, uma publicação reunindo importantes artigos científicos que contemplavam temas fundamentais para o melhor conhecimento das orquidáceas, em especial aquelas que ocorrem no Ceará.
O que se segue é uma amostra desse material: um trecho de ensaio do engenheiro agrônomo Luiz Wilson Lima Verde, especializado em Fitotecnia pela Universidade Federal do Ceará, e que mais tarde, após a reestruturação da entidade, em 2007, daria crucial contribuição à ACEO, atuando como seu Diretor Técnico.
PARTICULARIDADES ECOLÓGICAS DE CADA ESPÉCIE
Luiz Wilson Lima Verde
GÊNERO – Catasetum L.C. Rich.
ESPÉCIE – Catasetum barbatum Lindl.
LOCAL E ÉPOCA DA COLETA – Crato, Ceará; julho/85
HABITAT – Floresta Nacional do Araripe, em área de cerrado próxima à escarpa da mesma e na encosta, no ecossistema ali dominante (Floresta Subcaducifolia Tropical)
NICHO ECOLÓGICO E HABITUS – No cerrado foi encontrada em epifitismo com o Visgueiro (Parkia platycephala Benth) ocupando ramos secos à meia-luz.
Infelizmente, não se dispõe de maiores detalhes, em decorrência das informações e de o material obtido serem provenientes de terceiros. Embaixo, na encosta, embora tenha como suporte mais comum o O. pharelata, constatou-se essa mesmaespécie sobre Jatobá (Hymenaea Courbaril Linn) a quase 20m de altura, nos ramos mais finos dessa árvore majestosa, como também no espique do Catolé (Syagrus gomosa Martins). No Babaçu, quando os tecidos da bainha das folhas entram em decomposição, passam a constituir substrato ideal para a germinação das sementes, cujo raizame, ao longo do desenvolvimento da touceira, espalha-se muitas vezes num diâmetro de mais de 1m, atingindo por baixo o estipe, ficando, portanto, encoberto e encontrando aí um ambiente mais úmido, arejado e protegido.
À medida que a palmeira perde folhas, a planta vai se fixando no seu tronco e reduzindo a área de exploração do sistema radicular, o qual incrementa consideravelmente a formação das raízes aéreas retentoras de detritos orgânicos e umidade, fato também já observado por LACERDA, na mesma espécie, no Amazonas. No Catolé, ocorre mais ou menos o mesmo processo, todavia, como essa palmácea é de crescimento mais rápido, comumente encontram-se espécimes desse Catasetum em plena casca dura do estipe e também com uma eriçada cabeleira de raízes aéreas. A população dessa espécie nos sistemas ecológicos abordados não é descartável, isto é, a incidência de indivíduos por área não se mostra alta. Alguns fatores ecológicos delimitam esse índice populacional, mesmo diante de tão considerável potencial de plantas suportes.
FENOLOGIA – Por ocasião da coleta, o material encontrava-se no período de repouso, tendo em vista que não havia brotações e a presença de frutos caracterizava a fase antecedente de floração. Conquanto essa etapa, aparentemente definida, ainda se verificou uma inflorescência em botão num dos exemplares colhidos. Estabelecendo-se aprioristicamente as diversas fases do desenvolvimento dessa espécie, tendo como base o trabalho de Braga, admite-se que o repouso atinja o final do ano, portanto, mais definidamente de julho a dezembro.
A seguir, já no início das chuvas (dezembro), a planta entrará na fase de desenvolvimento vegetativo, que poderá ir até março, mês em que, provavelmente, terá início a floração, cujo pico será atingido em abril-maio e o término em junho, com resquícios isolados em julho, quando então se fecha parte do ciclo da espécie (fig. 1).
Com a escassez das chuvas em junho, os pseudobulbos passam a perder gradativamente as suas folhas, estando eles desfolhados possivelmente em outubro, o que bem caracteriza um artifício usado pela espécie com a finalidade de economizar água. Braga justifica esse fenômeno afirmando que, embora a planta disponha, aparentemente, de condições satisfatórias de epifitismo, a carência hídrica sazonal repercute limitando-as e, neste caso, o vegetal deixa cair as folhas, assegurando assim o seu balanço hídrico.
Ao se iniciar o estágio de brotação, na chegada das águas, também começará um período de atividade fotossintética bastante intensa, em que toda a massa folhosa, de um modo geral, permanecerá verde até junho. A ocorrência de flores masculinas e femininas simultaneamente, sobretudo no auge da floração, garantirá a frutificação, cuja deiscência deverá processar-se do final da estação seca para o início da chuvosa, quando as sementes encontrarão o ambiente em condições favoráveis para a germinação (fig. 1).