A Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO retoma, no próximo sábado, dia 20, suas atividades. A primeira reunião ordinária de 2016 será ocasião para se discutirem as atividades do novo ano, que incluem as exposições, palestras e oficinas, compras coletivas de orquídeas, bem assim a participação em iniciativas voltadas para a defesa da natureza. Há forte interesse em que a entidade colabore com a criação de um novo orquidário público em Fortaleza. Também deve ser reforçada a campanha permanente contra a comercialização de orquídeas retiradas da mata.
Todos os associados estão sendo convidados para este primeiro encontro do ano, quando se espera reunir um grande número de vasos floridos, uma vez que a cearense Cattleya labiata, a mais bela orquídea do Brasil, se encontra no auge da floração. Os orquidófilos presentes concorrerão ao sorteio de diversas plantas.
Segue-se o Calendário ACEO 2016:
20 / Fevereiro – Reunião ordinária
19 / Março – Reunião ordinária
16 / Abril – Reunião ordinária
21 / Maio – Reunião ordinária
18 / Junho – Reunião ordinária (Comemoração do Dia do Orquidófilo, 22 de junho)
16 / Julho – Reunião ordinária
20 / Agosto – Reunião ordinária
17 / Setembro – Reunião ordinária
15 / Outubro – Reunião ordinária (Comemoração do 39º aniversário de criação da ACEO)
25, 26 e 27 / Novembro – 10º FestOrquídeas de Fortaleza
17 / Dezembro – Reunião ordinária (Confraternização natalina)
(As fotos que ilustram esta postagem são de autoria de Thomaz Sidrim, presidente da ACEO, e foram feitas durante o 9º FestOrquídeas de Fortaleza, em novembro de 2015.)
Américo Pereira é o convidado de hoje deste espaço dedicado a fotos das mais belas flores do planeta. Ele é professor aposentado e mora em Terras de Bouro, uma vila do distrito de Braga, no Norte de Portugal. Cultiva orquídeas há mais de 30 anos e, nesta altura, fazem parte do seu acervo mais de 700 plantas, distribuídas por 80 gêneros diferentes e cerca de 250 espécies. Alguns híbridos podem ser encontrados em sua coleção, mas ele prefere espécies, dedicando especial atenção aos Dendrobium, Cymbidium, Maxillaria, Bulbophyllum, Cattleya e Paphiopedilum.
Como o clima da sua região é bastante frio no inverno, com a temperatura chegando facilmente a zero grau, Américo possui duas estufas distintas: uma é aquecida artificialmente nesta época do ano, para o cultivo das espécies provenientes de climas mais quentes; a outra, destinada a espécies provenientes de habitats mais frios, não possui qualquer aquecimento, conseguindo manter a temperatura apenas 3 a 4 graus acima da média relativamente ao exterior.
Américo Pereira é um colaborador assíduo da revista “Lusorquídeas” (Associação Portuguesa de Orquidofilia), do “Jornal do Orquidófilo” (Clube dos Orquidófilos de Portugal) e do jornal da Associação das Orquídeas Silvestres – Portugal (AOSP). Ele estuda, pesquisa e fotografa in loco as orquídeas silvestres de Portugal e de sítios da Europa, o que resulta, frequentemente, na publicação de artigos sobre as orquidáceas. Para conhecer mais detalhes da sua rica atividade orquidófila, visite o endereço: http://orquideassoltas.blogspot.pt
Seguem-se algumas fotos tomadas por Américo nos seus orquidários:
“As associações orquidófilas devem implantar programas de educação ambiental, alertando os amantes de orquídeas a não contribuírem com o comércio ilegal, comprando plantas retiradas das matas”. O alerta é dado pela engenheira florestal Lou Menezes, do IBAMA, em entrevista à TV Senado.
Grande pesquisadora das orquídeas brasileiras e autora de diversos livros sobre esse tema, Lou Menezes já participou, em várias ocasiões, das exposições anuais promovidas pela Associação Cearense de Orquidófilos (ACEO). Nesses eventos, que atraem milhares de pessoas, a ACEO proibe, terminantemente, a comercialização de orquídeas retiradas do ambiente natural. A venda é feita, unicamente, por orquidários comerciais, que trabalham com plantas reproduzidas (legalmente) em laboratório.
Lou considera “um grande absurdo” o comércio ilegal. Segundo ela, o próprio colecionador orquidófilo é, potencialmente, um depredador. “Ele fica tão fascinado, que perde a noção do que é correto. Não se deve, em hipótese alguma, adquirir plantas de mateiros”, salienta a pesquisadora, admitindo que “isso é um processo lento de educação ambiental, mas que tem que ser implantado pelas comunidades orquidófilas”.
Lou destaca que as orquídeas terrestres são ainda mais ameaçadas que as epífitas. Ela sugere que os orquidófilos procurem, cada vez mais, reproduzir suas plantas, como meio de salvar as inúmeras espécies ameaçadas de extinção.
Vera Coelho tem forte presença no movimento orquidófilo do Ceará. Participou ativamente da reorganização da Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO, entidade da qual foi presidente e vice-presidente, atuando hoje como tesoureira.
As fotos que selecionou para esta postagem incluem os gêneros de sua preferêmcia – Bulbophyllum e Catasetum – mas também a nordestina Cattleya labiata, a Laelia purpurata, típica da Mata Atlântica, e a exótica Pholidota imbricata. Na foto de apresentação, ela aparece envolvida pelo Dendrobium crumenatum que, periodicamente, lança grande quantidade de pequenas flores brancas e perfumadas, atraindo dezenas de polinizadores.
Quando começou a paixão da Vera pelas orquídeas? – Ela tem bem guardado na lembrança esse momento: foi quando uma planta que havia ganho de presente floriu em suas mãos pela primeira vez. Tratava-se de um magnífico híbrido roxo, que se fixou para sempre em sua mente e a arrastou, em definitivo, para o mundo encantado das orquídeas.
Graziela Meister é a atual presidente da Associação Portuguesa de Orquidofilia. Aqui, ela mostra aos visitantes do www.orquidofilos.com algumas das orquídeas que cultiva no jardim de sua casa, na cidade do Porto.
Entrevistada, um ano atrás, pelo “Boletim ACEO”, Graziela confessou: “O que me levou a cultivar orquídeas foi sua beleza e formas singulares, que as distinguem de todas as outras plantas. Há 45 anos, encontravam-se muito poucas orquídeas em Portugal e isso também foi um desafio para mim. Tudo começou mais ou menos em 1967, quando costumava ir a um grande horto do Porto, que se chamava Moreira da Silva, e onde encontrei as primeiras orquídeas à venda.” Essa paixão de longa data resultou numa bela e bem cuidada coleção, que hoje inclui cerca de mil exemplares de orquídeas, e também numa profunda dedicação ao movimento orquidófilo em seu país. No momento, Graziela organiza a 7.ª Exposição / Venda Internacional de Orquídeas do Porto, que acontecerá na primeira quinzena de março. Seguem-se as imagens de algumas joias do seu orquidário:
Uma observação inicial seria oportuna: não desenvolvi nenhuma técnica especial para cultivar orquídeas, mas, em meu orquidário, na Região Metropolitana de Fortaleza/CE, a Cattleya labiata Lindl. floresce o ano inteiro.
Em 2015, a distribuição das florações dessa espécie apresentou, mês a mês, oscilações bem fora do padrão que venho observando há muito tempo. Adiante-se que não se registrou, no período, qualquer alteração significativa na coleção, instalada em um sítio na cidade de Euzébio/CE, onde as condições ambientais foram praticamente as mesmas dos anos anteriores. O local é um tabuleiro arenoso a 25m do nível do mar e a 15 km da costa em linha reta. A temperatura média anual varia de 23 a 31 graus e a umidade relativa média é de 78,8%.
A quadra atual, que perdura há quatro anos, é de poucas chuvas, com um recrudescimento do calor no verão. Ventos fortes e secos sopram entre agosto e outubro. As plantas recebem tratos culturais regulares e o orquidário possui sistema automático de nebulização, que somente é desligado nos dias de chuva, que se concentram nos primeiros meses do ano.
A coleção de C. labiata reúne, hoje, 159 plantas adultas, além de outras em diferentes estágios de crescimento. Elas se apresentam em quase todas as suas variedades (com predominância da típica), sendo a maioria dos clones originária das serras cearenses. Muitas touceiras já foram desdobradas, e somente uma quarta parte foi adquirida em orquidários do Sudeste do país, constituindo-se em plantas que passaram por sucessivos cruzamentos.
Parte das labiatas está fixada em estacas da madeira “sabiá” (Mimosa caesalpiniifolia), parte em vasos de barro com substrato de cubos de casca de coco e amêndoas do coco “catolé” (Syagrus cearensis). Todas ficam penduradas em varais. O orquidário é coberto e envolvido, nos quatro lados, por tela negra de 70%. A adubação é quinzenal.
Considero que esse plantel é, numericamente, apropriado para embasar um levantamento estatístico confiável, embora se deva levar em conta que os dados por mim obtidos podem divergir dos de outras coleções da mesma espécie, em condições ambientais e de tratos culturais diferentes.
Foi o seguinte o número das florações em 2015:
Janeiro – 41
Fevereiro – 46
Março – 20
Abril – 28
Maio – 12
Junho – 05
Julho – 10
Agosto – 23
Setembro – 10
Outubro – 28
Novembro – 10
Dezembro – 17
Cabe destacar que, das 159 Cattleya labiata adultas, 140 floriram entre janeiro e dezembro de 2015. A título de curiosidade, acrescentaria: 65 delas floriram apenas uma vez. Por outro lado, o clone de nº 100, em estaca de madeira, lançou flores em cinco ocasiões e o de nº 085, em vaso de barro, seis vezes.
Comparando-se os três gráficos em anexo, podemos observar o padrão atípico das florações de 2015. O primeiro apresenta um recorte histórico de dez anos (de 2003 a 2013) e revela uma curva que se reproduz, praticamente, todos os anos. O mês de janeiro traz alta produção de flores, sequenciando um período ascendente iniciado em novembro do ano anterior. A partir de fevereiro, as florações se reduzem, até chegarem ao patamar mais baixo em julho, quando tem início nova ascensão, que vai fechar em alta o ciclo anual.
O segundo gráfico se reporta às estatísticas de 2014, quando o padrão histórico se reproduz de uma forma muito aproximada.
Já em 2015 – terceiro gráfico –, as oscilações foram constantes o ano inteiro. A curva tradicional quase não aparece, substituída por altas e baixas de janeiro a dezembro. O mês mais florífero foi fevereiro (e não janeiro), enquanto o de menor produção foi junho (e não julho). Novembro revelou-se um período medíocre e dezembro também não reproduziu o alto nível das floradas que o caracteriza.
Conforme destaquei inicialmente, nenhuma mudança digna de nota aconteceu no orquidário ao longo do ano de 2015, o que me impede de atribuir a irregularidade da floração a uma causa hipoteticamente válida. Estatística é assim mesmo: aguça a curiosidade, mas nem sempre oferece respostas conclusivas.
Sobre o autor: Italo Gurgel é professor e jornalista. Reside em Fortaleza/CE e, atualmente, é diretor de Comunicação da Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO, entidade que já presidiu em duas gestões. É autor da “Cartilha de Cultivo de Orquídeas”, editada pela ACEO, e de uma série de artigos publicados em revistas orquidófilas do Brasil e Portugal.
Ariel Molinari, residente em Curitiba, é médico ginecologista e obstetra, formado em 1964 pela Universidade Federal do Paraná. Hoje, aposentado, dedica-se, com extraordinário sucesso, ao cultivo de orquídeas. As imagens daqueles clones perfeitos, que ao longo dos anos foram sendo aprimorados em seu orquidário, ele as compartilha, com os amantes das orquidáceas, no Facebook e nas listas de discussão, como a do Yahoogrupos. As fotos quase sempre são feitas sobre fundo esverdeado e fora de foco, o que realça a beleza das flores em primeiro plano.
A Cattleya labiata é, confessadamente, a flor preferida do Dr. Molinari: “Tirante algumas poucas intermedias, purpuratas e anceps, pode-se dizer que sou um amante exclusivo das labiatas”. É nelas que o médico-orquidófilo concentra seus cuidados, paciência e apurada técnica, procurando selecionar a flor perfeita. “Ainda procuro uma caerulea do meu agrado. Quem sabe, algum dia chego lá!”, comenta. O grau de perfeição a que já chegaram os clones por ele selecionados é perfeitamente visível na coleção de fotos que se segue e que contempla diferentes variedades da “Rainha do Nordeste”, todas batizadas com sugestivos nomes clonais.