Na quarta edição do Boletim ACEO, de 21/07/07, Carlos G. Keller, paisagista e orquidófilo do Rio de Janeiro, oferece importantes dicas para quem desembarca na orquidofilia. No final, arremata suas palavras com um sábio aconselhamento: “nunca compre plantas coletadas na natureza”. Segue-se a íntegra da entrevista concedida a Vera Coelho:
ACEO – De ornitólogo, você passou a orquidófilo. São experiências bem diferentes, ambas gratificantes. Como foi isso?
Carlos Keller – Eu tinha desistido de criar aves. Primeiro, porque já residia no Rio de Janeiro em um apartamento e não mais na fazenda em Piras-sununga (SP) e, segundo, porque com a legislação confusa, a incompetência e a politicagem dos funcionários do Ibama, ficou difícil manter um criadouro de aves sem ter permanentes atritos com o órgão. Aquilo deixou de ser um prazer e passou a ser uma chateação. Além disso, manter no Rio um aviário a céu aberto, em algum terreno ou chácara, é querer ser invadido e roubado. Já as orquídeas são tão gratificantes quanto as aves, só que sem os problemas que acompanham aquele tipo de hobbie. Trabalhando como paisagista há cerca de 20 anos, eu já tinha uma boa base técnica que me permitiu assimilar o cultivo de orquidáceas com rapidez.
ACEO – Você é muito criterioso nas suas compras. Que dica oferece para se adquirir uma orquídea?
C. Keller – Estudar, estudar e estudar… Quem quer manter um orquidário com plantas de qualidade e bem selecionadas tem que ser meio “Caxias” e ficar sempre atento ao que está a sua volta, tanto nas visitas aos orquidários quanto nas visitas às exposições. Essa de ficar fazendo muita “social”, cumprimentar todo mundo, conversar, participar daqueles almoços intermináveis, pode até deixar em dia o papo com os amigos, mas você sairá da exposição tão desinformado quanto entrou. É muito importante saber o que está acontecendo em matéria de novos cruzamentos, quais os novos meristemas que estão aparecendo no mercado, quem tem o quê, etc. Cheguei a filmar 80% de todas as plantas das exposições que visitei, sempre tomando o cuidado de filmar a flor e, em seguida, também a etiqueta. Com isso consegui memorizar o nome daquelas flores e, principalmente, saber quem eram seus donos ou produtores. Hoje, à medida que vou incorporando esse tipo de informação na minha mente, não preciso mais filmar ou fotografar quase tudo, só o que é importante ou novidade. Costumo rever depois, com calma, esse material em casa.
ACEO – Acredito que todo orquidófilo tem sua orquídea preferida. Você foge à regra?
C. Keller – Não. Só que não tenho uma preferida, mas sim algumas. O grupo das Cattleya é sem dúvida o meu preferido e, dentro dele, tenho uma Cattleya trianaei caerulea pincelada de excelente forma, que é a minha favorita. Todas as vezes que vou ao orquidário dou uma olhada demorada no vaso dela. Estou em processo de meristemar para democratizar essa planta, já que não tenho coragem de expô-la. Tenho também algumas Cattleya percivaliana ‘Carla Porto’ que são o meu xodó, isso sem falar na Cattleya walkeriana ‘Guaxupé’, uma clássica. Em matéria de híbrido, minha favorita é uma grande touceira de Lc. Sheila Lauterbach FCC/AOS que já possuo há alguns anos. Este ano ela deu 14 flores enormes e posso dizer que todos que passavam por perto, quando a viam, paravam para admirá-la. Um espetáculo de flor! Minha orquídea botânica favorita é um Dendrochilum wenzelii. Está tão desenvolvido que já se tornou uma grande bola e, quando ele se cobre de flores vermelhas, fica tão bonito que acredito que seria imbatível em qualquer exposição. Pena que sua florada nunca coincide com nenhuma.
ACEO – O que a orquidofilia representa em sua vida?
C. Keller – Uma paixão, um motivo para estudar e, principalmente, um passatempo instigante que me distrai dos problemas do dia a dia, sem que para isso eu tenha que sair de casa e me expor à violência das ruas.
ACEO – Que orientação daria a alguém que está se iniciando na orquidofilia?
C. Keller – Não saia por aí comprando plantas sem antes ter um orquidário para instalá-las. Assim que você perceber que quer levar a sério a orquidofilia, construa um orquidário que seja prático e o maior possível, pois as orquídeas vão aumentando em número muito rapidamente. Sempre estamos adquirindo alguma coisa aqui ou ali, isso sem falar que as plantas também crescem rápido. Não subdimensione suas necessidades futuras. Eu assim o fiz e hoje minhas orquídeas estão apertadas em um espaço que deveria ser bem maior, o que poderá comprometer a saúde delas se eu não aumentar a estufa. Quando comprar, compre com critério e com a razão, ao invés do coração. A compra por impulso nunca resulta em boa aquisição. Siga o que eu disse acima e, principalmente, nunca compre plantas coletadas na natureza.
É com grata satisfação que encontro seu email e posso me comunicar com voce.
Talvez voce não lembre de mim, vamos tentar:
Trabalhei na Gasparian com voce, na época eu era supervisor de vendas e exporadicamente saíamos juntos para visitar algum cliente, lembra ?
Um abraço,
Mauricio S. Costa
Gostaria do email do sr Carlos Keller para contato…
Grata
Gostaria do e-mail do Carlos Keller por favor.
Boa noite Carlinho, a muitos anos que não nos falamos, como está sua saude, tudo bem com voce e familia , serviços e aves.
saudações – francisco