As entrevistas da ACEO – nº 14: Maria Rita e sua paixão pelas micros

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Plantas se aninham num carro de boi e em velho tronco de árvore.

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Acianthera pectinata alba e Carinidium dasystyle.

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Cattleya labiata e Anacheilium cochleatum.

Maria Rita Cabral: médica, mãe, avó, orquidófila. Apaixonada pelas micro-orquídeas, nesta conversa com a vice-presidente da ACEO, Vera Coelho, ela conta como se divide entre os compromissos familiares e as flores, que cultiva, principalmente, em árvores e em velhos troncos que encontra à margem das estradas. Conhecida no mundo orquidófilo como “a mãe leoa”, Rita mora no Rio de Janeiro e cultiva suas orquídeas em Paty do Alferes, na região serrana.

ACEO – Fale-nos, de início, sobre a Maria Rita mãe, avó, esposa, mulher.

Maria Rita Cabral – Formei-me em Medicina, cliniquei por pouco tempo, depois da pós-graduação. Então, com três filhos adolescentes e um na barriga, vi o marido ser transferido para São Paulo, com a indicação de depois ir para o exterior. Optei por abandonar a Medicina e criar meus filhos com carinho, ajudando o marido. Não me arrependi e tampouco fiquei falando só em vassouras e fogão (adoro cozinhar, nada contra a vida doméstica). Envolvi-me com a administração financeira de meu marido e meu sogro, cuidando dos negócios até o dia de hoje (o sogro faleceu). Quando o caçula temporão estava maiorzinho, ganhamos uma neta para criar. E começamos tudo de novo. Minha vida é uma grande alegria, com os quatro filhos, quatro noras e sete netos, junto com o marido. Gosto de estar presente em todos os bons e maus momentos de todos e meu marido diz que eles têm em mim, além da mãe e avó, uma “central de serviços”. Há cinco anos resolvi me dedicar a um estudo e, loucamente, optei pela orquidofilia. Adquiri literatura, até mais cedo que a maioria das orquídeas, fui lendo, fui entrando nas listas, aprendendo, fazendo amizades e estamos aí, orquilouca.

ACEO – Tive oportunidade de conhecer seu cultivo, todo ao ar livre. Algum motivo especial, ou simplesmente não gosta de trancá-as em estufa?

MRC – Quando iniciei o cultivo, coloquei logo uma carrocinha com uns vasos. Fui aumentando e o marido só dizia: “nada de estufa”. Fui estudando, vendo como poderia fazer meu orquidário sem deixá-lo triste, e fui colocando nas árvores. Estas se davam muito melhor. Fui tendo contato com a obra de Érico de Freitas Machado, com sua Florabela, e decidi cultivar em árvores e sob elas. Comprei carros de boi, fiz ripados sob as árvores e aí namorei um tronco (raíz de árvore centenária) que estava numa estrada, em meu caminho. Um dia, não resisti e pedi para comprar. O dono disse: “pague o carreto que eu levo, não lhe cobro nada”. Enchi de orquídeas e fui comprando todos os troncos grandes e bonitos que acho jogados pelos campos de minha região, e colocando as orquídeas. Hoje tenho 15 troncos enormes, oito árvores (duas nespereiras, uma amoreira, uma mangueira, um caquizeiro, um limoeiro, um manacá, uma camélia e outros arbustos). Por vezes, subo na escada para fotografar. Integrei as orquídeas ao paisagismo imaginado por meu marido. Tenho também três pequenos telados, um na saída da casa, um numa parreira velha e outro ao lado da palmeira na entrada. Neles tenho prateleiras em aramado com esquadria de madeira.

ACEO – Sei que cultiva várias espécies, mas as micros têm sua predileção. Qual a maneira adequada de cultivá-las?

MRC – A grande maioria está nos troncos das árvores (nespereiras, principalmente) e nos limoeiros, manacá e camélia. Os galhos finos ajudam muito. O que tenho em vaso, tento colocar sobre um prato grande de plástico, furado, com areia e pedrinhas. Aí mantenho a umidade. Pequenos toquinhos, pedaços de corticeira, pequenas sapucaias também podem ser lugar para elas. Tento manter bromélias ao redor e molho muito o gramado, para a umidade ficar perfeita. Paty, onde estão minhas orquídeas, tem sereno quase o ano todo. A diferença de temperatura entre o dia e a noite também ajuda muito as micros e todas as outras. Num verão chuvoso como este, só aquelas que estão em vaso e cachepot sofrem. O que está em árvore e troncos não reclama.

ACEO – Dentre tantas plantas, existe alguma especial? Por quê?

MRC – Acho que tenho uma predileção por Maxillariinae (elas entouceiram muito e são muito floríferas) e pela Acianthera pectinata alba. Aquela folha enorme, bonita, com uma concavidade incrível, me encanta. Também pelas miudinhas que me obrigam a trocar de óculos e, por vezes, até usar uma lupa para poder observá-las, me enlouquecem. Ver a palmeira cheia de Cattleya labiata, também me alegra. Acho que gosto de tudo. Não estou mais cultivando híbridos, a não ser os que recebo de presente e alguns que adquiri do Jorge Luiz, do Itaorchids.

17 comentários em “As entrevistas da ACEO – nº 14: Maria Rita e sua paixão pelas micros”

  1. Parabéns Maria Rita, pela dedicação e cultivo!
    Estou encantada com as plantas nos troncos e carro de boi…
    Parabéns amiga Vera…e demais associados, este blog é muito interessante.
    Ah! se eu ainda morasse aí, estaria com vocês na serra.
    Beijos
    Angélica

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  2. Maria Rita,

    Suas palavras: “Minha vida é uma grande alegria, com os quatro filhos, quatro noras e sete netos, junto com o marido”.
    Minha conclusão: “A mulher sábia edifica sua casa”.
    As orquídeas são um presente de Deus, uma retribuição pelo seu emprenho, carinho e dedicação a tudo que você faz.
    Que Deus continue a derramar sua benção em você e sua família.
    Helio Campos

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  3. Foi uma honra muito grande fazer esta entrevista com a Maria Rita, eu que a conheço de perto, sua vida e seu cultivo de orquídeas. É um belo exemplo de vida a ser seguido por todos nós. De pequena ela só tem o tamanho, é gigante em espírito. Beijos no seu coração, minha amiga!

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  4. Meus amigos
    Obrigada pelo carinho com que trataram esta minha entrevista, feita por uma amiga querida, que me vê com os olhos melhores possíveis.
    Vera, pessoas como vc me levam a querer cada vez mais fazer amigos nesta cachaça gostosa que é a orquidofilia
    Ju, estou esperando vc com carinho
    Angélica, este carro de boi já foi motivo de muita alegria e continua sendo, e, o cultivo em troncos é gratificante igualmente
    Hélio, só tenho a dizer amém, ser mãe, avó, mulher, irmã, tia, filha, nora, é algo que me apraz com certeza
    abraços em todos e obrigada

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  5. Boa tarde
    Identifiquei-me plenamente com teu estilo.Tenho mais de 600 orquideas em árvores, nó de pinho, pequenos troncos.Todas ao ar livre, lógico que achando os lugares especiais; sol filtrado, umidade,etc. Lá de vez em quando aplico adubo.É a maneira mais fácil de cultiva-las. D certa forma dismistica-se o conceito de que são dificeis de cultiva-las.Parabens pela entrevista. Sou de Passo Fundo RS

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  6. Maria Rita parabéns por sua dedicação.
    Me identifiquei com você porque também optei
    por cuidar da família (tenho 2 filhos), porém também quero aprender a cuidar de orquídeas.
    Tenho um gramado e, gostaria de cultivá-las em palmeiras, mas moro no litoral de Pernambuco (pertinho do mar). Será que dá certo ? Quais espécies são mais indicadas para esse clima?

    Agradeço de coração.

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  7. amigos, novamente agradeço as palavras postadas após meus primeiros agradecimentos

    Gostaria de pedir a Vera e aos colegas do nordeste que dessem uma ajuda para Fabíola, quanto às espécies que iriam bem no litoral perto do mar.
    Mas eu digo que tenho uma palmeira onde vou colocando, ao redor, C labiata e já está com umas 20. Quando começam a florir ficam magníficas.
    Abraços
    M Rita

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  8. Fabíola, você é da terra de duas Cattleya belíssimas, a labiata e a granulosa. Você pode amarrar a C. labiata no tronco das palmeiras e a C. granulosa fixada na base. Olha, vai ficar um arranjo lindo. Outras orquídeas que certamente irão bem é o Epidendrum, Cyrtopodium, Oncidium, Encyclia, Rodriguezia. Em outubro, nos dias 16, 17 e 18 haverá exposição em sua cidade. Se você entrar no blog http://orquidarioterradaluz.blogspot.com verá o endereço, o orquidário que estará presente, cursos, etc. Quem sabe você se interessa e faça parte da ASSOPE – Associação Orquidófila de Pernambuco.
    Abraços,
    Vera Coelho

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  9. Maria Rita e Vera, muito obrigada pela orientação.
    Visitei a exposição da ASSOPE este ano, fiquei encantada. Pretendo ir novamente em outubro e fazer um curso.

    Abraços,
    Fabíola Russiano.

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  10. Olá Maria Rita,
    Estava visitando seu site e pude observar o quanto vc é querida e admirável. Parabéns.
    Eu sou principiante, tenho mais ou menos umas 70 orquiddeas que cultivo em uma estufa caseira e tento cultivar esta magnífica flor q nos enche de alegria e esplendor.
    Adoro a natureza de Deus, tenho um pequeno jardim que é a minha paixão e distração.
    Sou funcionária pública trabalho na área de saúde, moro numa cidade chamada Quatis. Conheço sua cidade é adorável.
    Gostaria que vc com toda sua experiência pudesse me visitar é claro para que assim pudéssemos trocar informações e mostrar-lhe o meu humilde orquidário para q eu possa cuidá-lo corretamente.
    Esses dias atrás fiquei sabendo q eu tenho uma vanda rara.
    Ela é pequena floriu com apnas duas florzinhas de ton claro. Eu a descreví como um elefantinho de costas aparecendo as orelhinhas.
    Fiquei encantada porq essa orquídea já tinha muito tempo q estava num vaso e nunca tinha dado flor.
    Vou te mandar uma foto dela.
    Sou apaixonada por flores e plantas.
    Tenho 2 filhos um de 27 anos casado e outro de 24 solteiro.
    Sou divorciada e minha mãe mora comigo.
    Adoraria se vc me visitasse porq gostaria muito de cuidar das minhas orquideas corretamente para evitar perde-las.
    Já fui a algumas exposições, fico alucinada de ver tanta coisa maravilhosa.
    Maria Rita obrigada pela oportunidade do contato.
    Um excelente fim de semana para vc e sua família.
    Um abraço
    Mariléa

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  11. Marilea
    Hoje recebi, pelo Italo, seu recado, estava há uns tempos sem entrar por aqui
    Agradeço seu comentario e fico feliz em saber que vc é de Quatis, próximo à Paty
    Eu vou de vez enquanto por aí, meu irmão tem uma casinha aí, embora more em Volta redonda, na próxima ida tento contato com vc, mas eu não tenho esta experiência toda não, só muito boa vontade para cultivar e escolhi um cultivo que se adapta à mim, meu caseiro e meu local de cultivo
    abraços
    M Rita

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  12. oi, meu nome e marcieni fiquei encantada com tanta beleza nunca vi um orquidario de perto so pela net amo de paixao essa flor tao exotica.gostaria de cultivar algumas mas nao tenho condicoes de comprar e muito caro a qui em m.g. moro na roca e epaco e que nao falta.bjsssssssssssssssssssssssss

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