O cansaço e a recompensa

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O II FestOrquídeas de Fortaleza, realizado entre os dias 14 e 16 de novembro, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, foi mais do que uma exposição de flores. Tornou-se aquilo que pretendia ser: uma celebração de amor à natureza. Quem visitou o Ateliê das Artes, naqueles dias, esteve, durante alguns momentos, contemplando expressões da mais pura beleza natural, obras de um Criador que excede, em capricho, qualquer produção do engenho humano.

É importante que esse contato com as orquídeas, esse deleite, esse encantamento inevitável, transportem o visitante, em seguida, para outra realidade: a constatação de que as mais belas flores do planeta estão sob constante ameaça, especialmente por conta da destruição de seus ambientes naturais. Basta lembrar que o bem mais precioso da flora cearense, a nossa Cattleya labiata, já aparece nas listas oficiais como espécie em extinção.

Nós, cultivadores de orquídeas, fomos, no passado, predadores dessa riqueza. Hoje somos seus fiéis defensores. As associações orquidófilas do Brasil e do mundo inteiro têm assumido responsabilidades na defesa dos diversos ecossistemas. É nossa missão alertar, conscientizar e, no cultivo de orquídeas, incentivar práticas ecologicamente corretas. Cabe a nós encorajar a reprodução em laboratório, visando ao repovoamento das matas com aquelas espécies que estão desaparecendo na natureza, tenham elas interesse comercial ou não.

O FestOrquídeas prestou-se para ecoar essa mensagem, que tem inspirado, o tempo inteiro, o trabalho da Associação Cearense de Orquidófilos. Também se pretendia atrair novos adeptos para a orquidofilia, mais pessoas com quem partilhar experiências, compartilhar alegrias, forjar novas amizades. Por fim, a ACEO desejava oferecer um contraponto à rotina da cidade, palco freqüente de violências – contra as árvores, contra o patrimônio histórico, contra a herança cultural e, sobretudo, contra o ser humano, mercê da sociedade extremamente desigual em que vivemos. Nosso presente a Fortaleza foi a montagem de um espetáculo extraordinário, onde os principais protagonistas eram as orquídeas, com suas cores, seu perfume, sua inexcedível beleza.

Ficamos felizes por encontrar pessoas de um grande descortino, que se tornaram nossos parceiros na realização dessa festa. Quero nomear aqui, com satisfação, a empresa Olico, líder em recapagem de pneus no Nordeste, e que, através do empresário Marcos Veríssimo de Oliveira, nos estendeu a mão com presteza, com generosidade e a compreensão de que orquídea é coisa séria.

O Shopping Iguatemi, na pessoa do arquiteto Gerardo Jereissati, foi outro que se juntou a nós no primeiro momento, com a mesma sensibilidade, ajudando a viabilizar o II FestOrquídeas.

Por sua vez, o grupo M. Dias Branco, através do Dibra – Fundo de Investimento em Participações, trouxe seu aporte, apostando na idéia de se atraírem pessoas para ver orquídeas.

O Orquidário Flores do Lago veio dar mais beleza à festa, com uma seleção das melhores plantas que Aroldo e Suzana cultivam em Patos de Minas.

Foi fundamental o apoio da Secretaria de Cultura do Estado, Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura e Instituto de Arte e Cultura do Ceará, que cederam um espaço nobre para que nele reprisássemos o sucesso do FestOrquídeas do ano passado. O Diretor de Ação Cultural, Roberto Galvão, e aqueles que com ele trabalham, revelaram-se sempre prestimosos, sempre prontos para ajudar. Numa tentativa de retribuir à acolhida do Dragão, a ACEO deixou implantado, no jardim interno do Ateliê das Artes, o embrião de um orquidário.

Os professores René Rocha e Roberto Takane, com seus ensinamentos, sua experiência, vieram dar muito mais conteúdo ao II FestOrquídeas de Fortaleza.

A brilhante Comissão Julgadora, integrada por René Rocha, José Pompeu de Souza Brasil Jr. e Luiz Wilson Lima Verde, também é merecedora do reconhecimento da ACEO, por sua contribuição.

A imprensa cearense, em seus diferentes veículos, dedicou amplo espaço para anunciar a boa nova do FestOrquídeas. Cabe aqui uma referência especial a Mauro Costa e Ana Alice, da AD2M, que desempenharam com extremo profissionalismo a tarefa de abrir portas.

Um registro necessário é com relação ao envolvimento de companheiros da Associação Cearense de Orquidófilos que, há vários meses, se mobilizavam para que a festa acontecesse. Num exemplo extraordinário de doação, alguns deles (e peço desculpas por não citar nomes) dedicaram dias e semanas inteiras de trabalho, cuidando dos mil e um detalhes que compõem a receita de um evento dessa monta. A ACEO externa seu reconhecimento a todos os que contribuíram para o sucesso do evento, captando apoios, partilhando tarefas na Comissão Organizadora, esfalfando-se na montagem do cenário, oferecendo oficinas de cultivo de orquídeas, recebendo os visitantes ou, simplesmente, trazendo suas flores para expor. Cada um deles, a seu modo, e no limite de suas possibilidades, ofereceu lições de desprendimento e de comreensão do que é a vida associativa.

É com essa carga de trabalho e de afeto, de cansaço e recompensas, que se faz uma exposição de orquídeas. Durante três dias, milhares de pessoas visitaram a exposição, recolhendo lições de amor à natureza, confraternizando com as flores e com outras pessoas, observando amorosamente o universo das orquídeas: com a visão, com o olfato e (infelizmente) também com o tato. Tenho certeza de que aquele que se deixou tocar pelo encanto das orquídeas, cresceu um pouco como pessoa humana, aproximou-se da natureza e se colocou um pouquinho mais perto do Criador de todas as coisas.

Italo Gurgel (Presidente da ACEO)

5 comentários em “O cansaço e a recompensa”

  1. É por essas contribuições que cada vez mais me apaixono pelas orquídeas, pois só com pessosas de caráter e contribuições assim que poderemos cada vez mais divulgar e fazer com que pessoas que nunca haviam visto uma flor ou uma orquídea possam gostar e cultivar estas belezas naturais, embora um pouco dilapidadas por alguns “orquidófilos” que só colhem da natureza e não as povoam. Vamos produzí-las, mas, uma boa quantidade vamos devolvê-las para a natureza. Um abraço . Antônio.

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  2. “O cansaço e a recompensa”, belíssimo artigo que endosso na íntegra. A dignificante postura do presidente da ACEO em cada parágrafo do texto só ratifica a seriedade com que é tratada, a credibilidade e o respeito que conquistou a associação que tenho orgulho de ser membro.
    Cansaço: compensado com tantas vitórias;
    Recompensa: o premio do associado transcendeu a troféus…

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  3. O cansaço valeu a pena e a recompensa é alegria de muitas pessoas.Que o nosso exemplo estimule muitos a virem trabalhar bem antes da exposição e tbm depois.Deixo aqui registrado o trabalho maravilhoso de minha amiga Emilia Canário. Valeu por tudo vc vestiu a camisa da ACEO e suou mto.Tbm agradeço a Michele pela doação vc é dez!

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  4. minha primeira paichao foi por uma orquidia chamada olho de boneca ,este nome nao e seu nome verdadeiro acredito, so que me emcantei quando ganhei nao conhecia nenhuma orquidia antes apartir deste momento meus olhos nao enchergavam nenhuma outra flor a nao ser as orquideas pode ser a menor de todas mesmo assim nao posso deichar de me encantar, por onde ando fico procurando para ver se vejo outras diferente eò e como se fosse um vicio nao da pra ficar sem.

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