Texto, fotos e cultivo de Italo Gurgel
Uma observação inicial seria oportuna: não desenvolvi nenhuma técnica especial para cultivar orquídeas, mas, em meu orquidário, na Região Metropolitana de Fortaleza/CE, a Cattleya labiata Lindl. floresce o ano inteiro.
Em 2015, a distribuição das florações dessa espécie apresentou, mês a mês, oscilações bem fora do padrão que venho observando há muito tempo. Adiante-se que não se registrou, no período, qualquer alteração significativa na coleção, instalada em um sítio na cidade de Euzébio/CE, onde as condições ambientais foram praticamente as mesmas dos anos anteriores. O local é um tabuleiro arenoso a 25m do nível do mar e a 15 km da costa em linha reta. A temperatura média anual varia de 23 a 31 graus e a umidade relativa média é de 78,8%.
A quadra atual, que perdura há quatro anos, é de poucas chuvas, com um recrudescimento do calor no verão. Ventos fortes e secos sopram entre agosto e outubro. As plantas recebem tratos culturais regulares e o orquidário possui sistema automático de nebulização, que somente é desligado nos dias de chuva, que se concentram nos primeiros meses do ano.
A coleção de C. labiata reúne, hoje, 159 plantas adultas, além de outras em diferentes estágios de crescimento. Elas se apresentam em quase todas as suas variedades (com predominância da típica), sendo a maioria dos clones originária das serras cearenses. Muitas touceiras já foram desdobradas, e somente uma quarta parte foi adquirida em orquidários do Sudeste do país, constituindo-se em plantas que passaram por sucessivos cruzamentos.
Parte das labiatas está fixada em estacas da madeira “sabiá” (Mimosa caesalpiniifolia), parte em vasos de barro com substrato de cubos de casca de coco e amêndoas do coco “catolé” (Syagrus cearensis). Todas ficam penduradas em varais. O orquidário é coberto e envolvido, nos quatro lados, por tela negra de 70%. A adubação é quinzenal.
Considero que esse plantel é, numericamente, apropriado para embasar um levantamento estatístico confiável, embora se deva levar em conta que os dados por mim obtidos podem divergir dos de outras coleções da mesma espécie, em condições ambientais e de tratos culturais diferentes.
Foi o seguinte o número das florações em 2015:
- Janeiro – 41
- Fevereiro – 46
- Março – 20
- Abril – 28
- Maio – 12
- Junho – 05
- Julho – 10
- Agosto – 23
- Setembro – 10
- Outubro – 28
- Novembro – 10
- Dezembro – 17
Cabe destacar que, das 159 Cattleya labiata adultas, 140 floriram entre janeiro e dezembro de 2015. A título de curiosidade, acrescentaria: 65 delas floriram apenas uma vez. Por outro lado, o clone de nº 100, em estaca de madeira, lançou flores em cinco ocasiões e o de nº 085, em vaso de barro, seis vezes.
Comparando-se os três gráficos em anexo, podemos observar o padrão atípico das florações de 2015. O primeiro apresenta um recorte histórico de dez anos (de 2003 a 2013) e revela uma curva que se reproduz, praticamente, todos os anos. O mês de janeiro traz alta produção de flores, sequenciando um período ascendente iniciado em novembro do ano anterior. A partir de fevereiro, as florações se reduzem, até chegarem ao patamar mais baixo em julho, quando tem início nova ascensão, que vai fechar em alta o ciclo anual.
O segundo gráfico se reporta às estatísticas de 2014, quando o padrão histórico se reproduz de uma forma muito aproximada.
Já em 2015 – terceiro gráfico –, as oscilações foram constantes o ano inteiro. A curva tradicional quase não aparece, substituída por altas e baixas de janeiro a dezembro. O mês mais florífero foi fevereiro (e não janeiro), enquanto o de menor produção foi junho (e não julho). Novembro revelou-se um período medíocre e dezembro também não reproduziu o alto nível das floradas que o caracteriza.
Conforme destaquei inicialmente, nenhuma mudança digna de nota aconteceu no orquidário ao longo do ano de 2015, o que me impede de atribuir a irregularidade da floração a uma causa hipoteticamente válida. Estatística é assim mesmo: aguça a curiosidade, mas nem sempre oferece respostas conclusivas.
Sobre o autor: Italo Gurgel é professor e jornalista. Reside em Fortaleza/CE e, atualmente, é diretor de Comunicação da Associação Cearense de Orquidófilos-ACEO, entidade que já presidiu em duas gestões. É autor da “Cartilha de Cultivo de Orquídeas”, editada pela ACEO, e de uma série de artigos publicados em revistas orquidófilas do Brasil e Portugal.
O estudo muito bem elaborado com observações do experimento durante tempo bastante longo. O resultado em gráfico com a linguagem jornalistica, onde pessoas com pouco conhecimento de botânica possa compreender.
Quando Mistura conhecimento, boa vontade e humildade produz grandes trabalhos.
Um abração aos amigos orquidofilos de fortaleza, seguir em frente sempre.
Um brilhante cultivador.
Amante das orquídeas que é, tem um excelente trabalho, onde demonstra conhecimento, amor e dedicação.
Parabéns!!!
Não canso de parabenizar ao amigo Ítalo pelo excelente trabalho de pesquisa e observação por um longo tempo. No Ceará tem sim, um grande labiateiro.
HAPPY BIRTHDAY LORIK!!!! Sorry I’m late but I hope you at least had a good time and hope you are doing well too. Hehehe your friend is so sweet![]
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